sábado, 14 de agosto de 2010

O Estado Intermediário

Bookmark and Share Bookmark and Share
AULA DE EBD: 27 de dezembro de 2009


Textos-base:

Lucas cap. 16 vs. 19-31
Apocalipse cap. 20 vs. 11-15
I Coríntios cap. 15 vs. 35-58

Introdução

Deus criou o homem do pó da terra (Gênesis cap. 2 vs. 7).
A bíblia não diz que Deus criou o corpo do homem, mas o homem. Ou seja, o homem foi feito para se identificar e se expressar por meio do corpo, e não fora dele.
Porém, a imagem de Deus no homem foi corrompida para sempre pelo pecado, e isso lhe trouxe a morte.
E o corpo morto passa a se degradar, incorporando-se à matéria de sua origem.
"E o pó volte à terra, como o eram e o espírito volte a Deus, que o deu." (Eclesiastes cap. 12)

O Destino do Corpo

Nosso corpo veio do pó, pelas mãos de Deus, e deve voltar para lá, conforme imperativo do Criador (Gênesis cap. 3 vs. 19).
O apocalipse fala da ressurreição dos corpos, citando por exemplo que o mar entregará aqueles que foram por ele tragados. (Apocalipse cap. 20 vs 13)
Essa ressurreição não se restringe às águas, mas a todos os meios, por exemplo, pessoas que morreram incineradas em acidentes, pessoas decapitadas, esquartejadas e até mesmo cremadas.
A ressurreição não trará de volta os mesmos componentes físicos, minerais e químicos, pois não se trata da recuperação do nosso velho corpo, mas sua restauração e transformação, pelo poder miraculoso de Deus.
Esse será um corpo incorruptível, de natureza espiritual e dotada de imortalidade.

O Destino da Alma Redimida

Na morte, o corpo do servo de Deus volta ao pó e seu espírito retorna ao Criador (Eclesiastes cap. 12 vs. 7).
Nesse estado intermediário, tem uma felicidade provisória, aguardando a ressurreição do corpo, recuperando o estado ideal, com o qual entrará na vida eterna com Cristo.
A sobrevivência da alma no período entre a morte e a ressurreição é fato revelado claramente na bíblia. Jesus disse a um dos crucificados que estavam com ele:
"Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso." (Lucas cap. 23 vs. 43)

Os termos "paraíso" e "céu" se referem ao mesmo lugar, onde exatamente se encontram as almas de todos os redimidos, na companhia de Cristo.
Outro sinônimo de céu é "seio de Abraão". Abraão, o pai da fé, é tão importante na economia da redenção que, que, para os judeus, figura o próprio Deus.
Jesus conta que Lázaro morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão (Lucas cap. 16 vs. 22), local em que banqueteiam os patriarcas, segundo a imagem transmitida por Jesus:
"Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugar à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus." (Mateus cap. 8 vs. 11)
Os que morreram salvos estão com Deus, e entre eles estão os patriarcas.
"Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e, sim, de vivos." (Mateus cap. 22 vs. 31-32)
Ou seja, os patriarcas estão vivos na expectativa da ressurreição.

Paulo não duvidava que o crente passava à habitação com Cristo ao deixar esta vista:
"Entretanto estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com Cristo." (2 Coríntios cap 5. vs 8)
"Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor." (Filipenses cap. 1 vs. 23)

Os espíritos, logo após a morte, deixam a Igreja da terra e passam para a Igreja viva do céu, também chamada de seio de Abraão.
Não há pois base na bíblia para sustentar a idéia de extinção do homem total, corpo e alma, pela morte.
Também não há base para se afirmar que a alma fica em estado letárgico, totalmente inconsciente, junto ao corpo até a ressurreição.

O cristão está em Cristo aqui e permanece nele depois da morte.

O Destino dos Ímpios

- Estão Separados de Deus

Após as mortes do rico e de Lázaro, Jesus disse que havia um grande abismo entre os perdidos e Deus e seus redimidos.
"E , além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para cá." (Lucas cap. 16 vs. 26)
O rico viu Lázaro, mas não se tem registro de que este o tenha visto. O atormentado pode falar com o pai Abraão (que representa Deus), mas não com Lázaro.
A presença de Deus, como onipresente, acentua e aprofunda ainda mais os sofrimentos dos habitantes do inferno. Onde a solidão é absoluta, o amor e a paz são inexistentes, a esperança é impossível e o desespero é interminável.

- Estão Sob Horrível Sofrimento

"E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado.
E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.
E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama."
(Lucas cap. 16 vs. 22-24)

A intensidade do castigo fica evidente nos apelos do rico para que Lázaro diminuísse seu sofrimento com a ponta do dedo molhando em água fresca. Essa imagem dos tormentos, embora esteja em uma narrativa figurada, recebe comprovação no livro de Pedro:
"O Senhor sabe livrar da provação os piedosos, e reservar, sob castigos, os injustos para o dia do juízo" (2 Pedro cap. 2 vs. 9)

Vemos então que se refere ao estado intermediário, quando diz "reservar, sob castigos, os injustos para o dia do juízo". (ler, se preciso, 2 Pedro cap. 4 vs 17)

Esse sofrimento já é grande, mas serão ainda maiores após o juízo final, após a ressurreição de seus corpos.

- Estão Conscientes e Sensíveis

O rico mantinha total consciência do que se passava, tanto que sentiu culpa pelos irmãos que, na terra, seguiam-lhe os passos corruptos. Também podia perceber a felicidade de Lázaro na presença de Deus, e comparar sua atual situação com a dele.

Jesus teria "inventado" essas informações ao contar a história?? O bom senso diz que NÃO.
Além disso, Pedro nos diz que Jesus pregou aos espíritos rebeldes em prisão:
"No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão;
Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água;"
(I Pedro cap. 3 vs. 19-20)

O texto não nos diz que a pregação de Cristo foi para "boa nova", evangelho, para conversão, mas para que, a autoridade de Cristo se tornasse conhecida no hades, como já era no céu e na terra.

CONCLUSÃO

Deus nos dará, pelo milagre da ressurreição, um corpo perfeito, eterno, santo, identificador de nossa verdadeira personalidade restaurada em Cristo e colocada a serviço do Salvador.
Independentemente da condição em que nosso corpo "terreno" esteja no momento da ressurreição, todos ressuscitaremos completos, perfeitos e transformados à imagem do Criador.
Porém, antes dessa ressurreição, todos aqueles que faleceram estão à espera do grande juízo; uns vivendo no seio de Abraão, enquanto outros sofrendo os tormentos do hades.

-----------------------------------------------------------------------------------------------

NOTA ATUAL: Acima está o texto que utilizei na época e que certamente acredito, mas concordo que é um assunto bastante discutível e que rende muitas opiniões..