III. Em terceiro lugar, o amor de Deus brilha com um brilho transcendente, quer dizer, nas PESSOAS PARA QUAIS ESTE PLANO ESTÁ DISPONIVEL. Eles são descritos com estas palavras: “todo aquele que nele crê.” No texto há uma palavra que não tem limites: “Deus amou o mundo de tal maneira”; mas logo vem o limite descritivo, que lhes peço que analisem com cuidado: “que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça.”
Deus não amou ao mundo de tal maneira que qualquer homem que não creia em Cristo seja salvo; nem tampouco deu Seu Filho para que qualquer homem que O rejeite seja salvo. Vejam como está expressado:“Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça.” Aqui está o limite do amor: enquanto cada incrédulo está excluído, cada crente está incluído - “todo aquele que nele crê.” Suponham que exista um homem que é culpado de todos os prazeres da carne até um grau infame, suponham que é tão detestável que somente o podem tratar como a um leproso moral, e deve ser encerrado em uma casa afastada pelo temor de que contamine aos que o escutam ou vejam; mas se este homem crê em Jesus Cristo, será limpo de imediato de sua corrupção, e não perecerá por causa de seu pecado.
E suponham que há outro homem que, ao perseguir motivos egoístas, oprimiu o pobre, roubou seus clientes, e inclusive foi tão longe a ponto de cometer um crime real do qual a lei tomou conhecimento, e contudo, se crê no Senhor Jesus Cristo será levado a restituir, e seus pecados lhe serão perdoados.
Uma vez escutei a história de um pregador que falava a um grupo de prisioneiros, condenados a morte por homicídio e por outros crimes. Eles eram uma manada tal de animais selvagens segundos aparências exteriores, que parecia um empreendimento sem sucesso pregar a eles; contudo, se eu fosse o capelão dessa companhia de homens degradados, não teria dúvidas em dizer-lhes que “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha vida eterna”. Oh, homem, se crês em Jesus como o Cristo, não importa quão horríveis tenham sido teus pecados do passado, serão apagados; serás salvo do poder que exercem sobre ti os teus maus hábitos; e começarás de novo como um recém nascido, com uma vida nova e verdadeira, que Deus te dará. “Todo aquele que nele crê”. Isso te inclui, amigo ancião, que estás a somente a alguns vacilantes passos da tumba. Oh, pecador de cabelos grisalhos, se tu crês nEle, não perecerás. O texto também te inclui a ti, meu jovem amigo, que escassamente entrou na adolescência: se crês nEle, não perecerás. Isto te inclui a ti, formosa jovem, e te dá esperança e alegria quando ainda és jovem. Isso nos inclui a todos nós, sempre e quando creiamos no Senhor Jesus Cristo.
Nem mesmo os diabos no inferno podem encontrar alguma razão para que o homem que crê em Cristo se perca, pois está escrito: “e o que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora”. Se acaso comentam: “Senhor, foi tão demorado vir a Ti,” o Senhor responde: “Veio? Então não o lançarei fora por sua demora.” Mas Senhor, ele caiu depois de fazer profissão de fé.
“Ele veio finalmente? Então não o lançarei fora devido a todas suas quedas.” Mas, Senhor, ele é um blasfemo de boca muito suja. “Veio a Mim? Então não o lançarei fora apesar de todas suas blasfêmias.” Mas, alguém poderá dizer: “Eu não creio na salvação deste homem malvado. Se comportou de maneira tão abominável que com toda justiça deve ser enviado ao inferno”. Correto. Mas se ele se arrepende de seu pecado e crê no Senhor Jesus Cristo, não importa quem seja, não será enviado ao inferno. Seu caráter será mudado, de tal maneira que não perecerá jamais, mas terá vida eterna.
Agora, observem, que esta expressão “todo aquele” tem um grande alcance; pois inclui a todos os diferentes graus de fé. “Todo aquele que nele crê”. Pode ser que ele não esteja completamente seguro; pode ser que ele não esteja seguro de todo; mas se tem fé que seja verdadeira e seja como a fé de uma criança, por meio dessa fé será salvo. Ainda que sua fé seja tão diminuta que eu tenha que colocar meus óculos para vê-la, contudo Cristo a verá e a recompensará. Sua fé pode ser como o minúsculo grão de mostarda de tal forma que eu a procuro e a procuro de novo mas tenho dificuldade em discerni-la. Contudo, essa fé lhe traz vida eterna, e é em si mesma uma coisa viva. O Senhor pode ver dentro desse minúsculo grão de mostarda, uma árvore em cujos ramos as aves do céu farão seus ninhos —
“Minha fé é fraca, eu confesso,
Apenas confio em Tua Palavra;
Mas, por isso terás menos misericórdia?
Longe de Ti está isso Senhor!
Oh, Senhor Jesus, se eu não posso tomá-lo nos braços como fez Simeão, ao menos vou tocar a borda de tuas vestes como a pobre enferma o fez e de ti saiu virtude para salvar. Está escrito: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha vida eterna”. Eu estou incluído ali. Não posso pregar indefinidamente hoje; mas quisera pregar com poder. Oh, que esta verdade encharque vossas almas. Oh, vocês que se sentem culpados; e vocês que se sentem culpados porque não se sentem culpados; vocês que têm um coração quebrantado porque seu coração não pode quebrantar-se; vocês que sentem que não podem sentir; é a todos vocês que eu quero pregar a salvação em Cristo pela fé. Vocês que gemem porque não podem gemer; mas sem importar quem sejam vocês, ainda estão dentro do alcance desta poderosa palavra, que “todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha vida eterna”.
Assim eu lhes mostrei o amor de Deus em três pontos: o dom divino, o método divino de salvação, e a divina eleição das pessoas a quem chega a salvação.