I. Primeiro, pois, veremos que a redenção de Cristo não foi uma coisa pequena, se a medirmos pelos NOSSOS PRÓPRIOS PECADOS. Meus irmãos, considerai por um momento o abismo de onde foram tirados e a pedreira de onde foram lavrados. Vós, que fostes lavados, purificados e santificados, parai por um momento, e recordai o estado primitivo de vossa ignorância; os pecados aos quais estavam entregues, os crimes para os quais se precipitavam, a contínua rebelião contra Deus na qual tinham o costume de viver. Um pecado pode arruinar uma alma para sempre; não há poder na mente humana para captar a infinita malignidade do mal que repousa nas entranhas de um só pecado. Há uma infinidade de culpa escondida em uma só transgressão contra a majestade do Céu. Se, então, você e eu temos pecado apenas uma vez, nada exceto uma expiação de infinito valor poderá nos lavar do pecado e fazer uma satisfação por ele. Porém, temos você e eu transgredido somente uma vez? Não, meus irmãos, nossas iniqüidades são mais numerosas que os cabelos de nossa cabeça; elas têm prevalecido poderosamente contra nós. Poderemos contar as areias do mar, ou averiguar as gotas que em seu agregado fazem o oceano, antes de poder enumerar as transgressões que têm marcado nossas vidas. Retornemos à nossa infância. Quão cedo começamos a desobedecer nossos pais, e a aprender fazer de nossa boca uma cova de mentiras! Em nossa infância, quão petulantes e desobedientes fomos! Teimosos e volúveis, preferíamos nosso próprio caminho, e rompíamos violentamente toda restrição que nossos pais piedosos colocavam sobre nós. Nossa adolescência tampouco nos apaziguou. Furiosamente, muitos de nós, nos precipitávamos no meio da própria dança do pecado. Nos tornamos guias em iniqüidade; não somente pecando, mas também ensinando outros a pecar. E ao chegar à maturidade, e entrar na flor da vida, chegamos a ser sóbrios na aparência, e talvez nos livramos um pouco da dissipação de nossa juventude; porém, quão pequena melhoria ocorreu! A menos que a soberana graça de Deus tenha nos renovado, não somos melhores do que éramos no princípio; e ainda que esta mudança tenha sido operada em nós, ainda temos pecados dos quais se arrepender, e ainda temos que colocar nossas bocas no pó e cinzas sobre nossas cabeças, clamando: "Impuro! Impuro". E oh! vós que se apoiais cansadamente em vossa bengala, o suporte de vossa velhice, não permanecem ainda pecados aderidos às vossas roupas? São vossas vidas tão brancas como os alvos cabelos que coroam suas cabeças? Não sentis que a transgressão salpica as bordas de vossas vestes, manchando sua alvura? Quão freqüentemente vocês têm mergulhado no abismo, a ponto de vossas próprias roupas lhes causar abominação! Colocai vossos olhos sobre os sessenta, setenta ou oitenta anos durante os quais Deus tem poupado suas vidas;e dizei-me se podeis contar vossas inumeráveis transgressões ou calcular o peso dos delitos que haveis cometido. Oh, estrelas do Céu! os astrônomos podem medir vossa distância e dizer-nos vossa altura, porém vós, Oh pecados da humanidade!, sobrepujais toda imaginação. E vós, altas montanhas! a casa das tempestades e o ninho das tormentas! o homem pode escalar vossos picos e ficar de pé admiravelmente sobre vossas neves; mas vós, colinas do pecado! sois mais elevadas do que nossos pensamentos; vós, abismos das transgressões! sois mais fundos do que nossas imaginações se atrevem a mergulhar. Você me acusa de ultrajar a natureza humana? Isto é porque você não a conhece. Se Deus tivesse alguma vez vos manifestado vossos corações, vocês dariam testemunho de que, longe de exagerar, minhas pobres palavras falham em descrever o desespero de nossa maldade. Oh! se cada um de nós olhasse hoje para o interior de nossos corações - se nossos olhos pudessem penetrá-lo, de forma que víssemos a iniqüidade que está gravada com ponta de diamante em nossos coração empedernidos, teríamos então que dizer ao ministro, que embora ele possa descrever o desespero do pecado, por nenhum meio ele poderá exagerá-la. Quão grande então, amados, deve ser o resgate de Cristo, quando Ele nos salvou de todos estes pecados! Os homens por quem Jesus morreu, por grandes que foram seus pecados, foram justificados de todas suas transgressões. Embora eles possam ter cedido a todos vícios e luxúrias que Satanás pôde sugerir, e que a natureza humana pode cometer, ainda assim ao crer, toda a culpa foi apagada. Anos após anos podem ter se coberto com a negridão, até que seus pecados se tornassem duplamente negros; porém em um momento de fé, em um momento de triunfal confiança em Cristo, a grande redenção tirou a culpa de muitos anos. Não, mais do que isso, se fosse possível que todos os pecados que a humanidade tem cometido, em pensamento, ou palavra, ou ação, desde que o mundo foi feito, ou desde que o tempo começou, fossem colocados sobre uma única e pobre cabeça - a grande redenção é totalmente suficiente para tirar todos estes pecados e lavar o pecador, deixando-o mais alvo do que a própria neve.
Oh! quem medirá a altura da suprema suficiência do Salvador? Primeiro, diga quão grande é o pecado, e, então se lembre de que, como o dilúvio de Noé prevaleceu sobre os topos das montanhas da terra, assim o dilúvio da redenção de Cristo prevaleceu sobre os cumes das montanhas de nossos pecados. Nas cortes celestiais há hoje homens que uma vez foram assassinos, ladrões, bêbados, fornicários, blasfemos e perseguidores; mas eles foram lavados - eles foram santificados. Pergunte-lhes de onde vem o brilho de suas vestes, e de onde sua pureza tem sido alcançada, e eles, em uníssono, lhes contaram que lavaram suas vestes e a embranqueceram no sangue do Cordeiro. Oh vós, de consciências turbadas! Oh vós, cansados e oprimidos! Oh vós que gemem sob o peso de vossos pecados! a grande redenção agora proclamada a vocês é toda suficiente para suprir vossas necessidades; e se a multidão de vossos pecados supera em números às estrelas que adornam o céu, aqui está uma expiação feita para todos eles - um rio que pode arrastar e levar todos eles para longe de vocês para sempre.