Na sexta-feira (06/05/2011) eu tive a oportunidade de presenciar esse show espetacular, então nessa semana vou fazer publicar algumas postagens sobre isso..
DAVID SHALOM
Direto de São Paulo
Os paulistanos tiveram a oportunidade de ver pela primeira os dois maiores nomes do heavy metal melódico mundial dividindo o mesmo palco na cidade.
Nesta sexta-feira (6), o Credicard Hall abriu as portas para receber os finlandeses do Stratovarius e os alemães do Helloween, que fazem turnê conjunta desde o final de 2010.
Nesta sexta-feira (6), o Credicard Hall abriu as portas para receber os finlandeses do Stratovarius e os alemães do Helloween, que fazem turnê conjunta desde o final de 2010.
O fato de os primeiros serem "convidados especiais" no giro ficou bastante claro no evento. Apesar de tocar por mais de uma hora, a banda nórdica se apresentou em um espaço reduzido, pouco mais da metade do palco, pois este estava reservado para a grande parafernália trazida pelo grupo germânico, conhecido por ser o precursor do estilo de vocais agudos, pedais duplos velocíssimos e harmonias melódicas e grudentas.
Uma grande bandeira com a capa do último disco do Stratovarius, no entanto, escondia o fundo que mais tarde se revelaria no show da principal atração da noite. E, pontualmente às 22h, o vocalista Timo Kotipelto e companhia se revelaram ao público, que os recebeu com grande ovação.
Os finlandeses não são nenhuma novidade no Brasil. Só na última década, foram quatro passagens pelo País, sempre se apresentando para quantidades generosas de fãs. Contudo, com a queda crescente do público admirador do estilo, pareceu necessário para eles estar acompanhados por um nome mais forte para conseguir tocar em um local de grandes proporções como é o Credicard Hall.
Com som um tanto baixo, após uma rápida introdução o Stratovarius abriu a noite com Infernal Maze, faixa de seu último trabalho Elysium, emendada por Eagleheart.
Bastante carismático e sorridente, Kotipelto cumprimentou os presentes arriscando no português: "Boa noite! Tudo bem? É muito bom estar de volta a São Paulo". Apesar da boa Phoenix, do disco Infinite, foi só em The Kiss of Judas, um dos grandes hits da banda, que os finlandeses conseguiram finalmente um maior feedback da plateia - cuja reação ao final da música foi uma grande ovação seguida por gritos de "Stratovarius! Stratovarius!".
A lógica permaneceu durante todo o show. Em Winter Skies e Under Flaming Skies, houve uma reação boa do público, mas em Paradise, outro grande clássico, mal se podia ouvir a voz do cantor tamanho era o barulho dos presentes que a entovam com ele. "Obrigado", disse Kotipelto, mais uma vez em português, "você são uma grande audiência", antes de Darkest Hours.
Começaria logo o grande momento do show. "Vocês estão prontos para as canções rápidas?", perguntou o frontman, seguido por uma brincadeira do baixista Lauri Porra - é esse mesmo o nome dele -, que começou a dedilhar algumas coisas e a falar no microfone, "é porra, é porra".
Veio então Speed of Light, provavelmente a mais característica do grupo, com grandes solos de guitarra e pedais duplos incessantes. "Nós temos mais duas músicas para vocês esta noite", anunciou Kotipelto antes de Hunting High and Low, o grande hit do conjunto, que, além de ter sido cantado em uníssono pelos presentes, ganhou uma sessão interativa entre artistas e público, na qual o vocalista o convidou a cantar com ele.
"Minha pergunta é: será que vocês em São Paulo são a plateia mais barulhenta desta turnê?", provocou o líder, enquanto pedia a cantoria do público no refrão da música. "Sabem, quando eu voltar à Finlândia, e as pessoas me perguntarem como foi em São Paulo, eu gostaria de dizer que foi brilhante. Mas eu não sou mentiroso, terei de ser sincero. Vocês têm a última chance de cantar mais alto", disse, para depois da resposta dos fãs gesticular com seu polegar para cima, indicando aprovação.
Para fechar, Kotipelto apontou ao baterista Jörg Michael, recém-recuperado de um tumor na tireóide, e o parabenizou por estar de volta. E Black Diamond, que, por meio de um celular, teve direito a fotografias do público e dos músicos feitas pelo empolgado vocalista, fechou a apresentação, agraciada com gritos de "Stratovarius" por parte dos presentes.
Helloween
Mas era dos alemães a responsabilidade de fechar a noite. E, se o show do Stratovarius agradou os fãs, a banda liderada pelo vocalista Andi Deris fez questão de deixar claro quem mandava no evento. O palco, de repente, cresceu. Ganhou uma enorme bateria de quatro bumbos (!) sobre um grande pedestal - com direito até a escadas para uma maior movimentação dos músicos -, luzes variadas tanto na altura do chão quanto no teto, e som alto, como deve ser em uma apresentação deste gênero musical.
O Helloween demonstrou que mesmo nas faixas de seu mais recente álbum, 7 Sinners, teria o público na mão ao longo de todo o seu repertório de duas horas. Are You Metal? abriu o espetáculo, muito bem produzido por sinal, seguida pelo clássico Eagle Fly Free. "Boa noite, São Paulo! Estar aqui é como um sentimento de voltar para casa", disse Deris antes do início de Steel Tormentor, do disco Time of the Oath.
Era clara a superioridade como banda dos alemães em relação aos finlandeses. A simples postura no palco, a interação com a plateia, o jeito solto de tocar, mostravam um grupo maduro, que sabe exatamente o que faz. O guitarrista Michael Weikath, usando um fino blazer sobre sua camisa, nem parecia ligar para o fato de seu instrumento estar praticamente inaudível e não parava de fazer pose para fotos da plateia. O baixista Markus Grosskopf, empolgadíssimo e sempre com um sorriso no rosto, fazia as vezes de Gene Simmons e balançava a cabeça com a língua de fora. E os integrantes mais novos, Sascha Gerstner e Dani Löbe, se mostravam à vontade, como se estivessem no Helloween há decadas.
Contudo, o grande destaque foi o vocalista Andi Deris. Apesar de estar distante da técnica de seu antecessor Michael Kiske, o cantor mostrou ter evoluído muito desde que se juntou ao quinteto, há cerca de 15 anos. Mais: se lhe falta algo em alcance vocal - algo nítido nas notas mais altas -, lhe sobra carisma, simpatia e bom humor, fatores de relevância tão grande quanto ou até maior em um palco.
Seguiu-se um rápido solo de guitarra de Sascha para introduzir Where the Sinners Go, emendada em World of Fantasy. Hora dos músicos deixarem o palco para o solo de bateria de Dani, praticamente invisível por traz de seu gigantesco kit de percussão.
Para a alegria dos presentes, I´m Alive, faixa de abertura do Keeper of the Seven Keys Part 1, principal trabalho do grupo, deu continuidade ao set-list. "Agora vamos tocar uma música muito, muito do mal, escrita por Sascha", disse Deris antes de You Stupid Mankind , apontando para o guitarrista, que se curvou a ele em agradecimento à menção de seu nome.
Na sequência, o vocalista anunciou a primeira e única balada da noite, Forever and One (Neverland), "dedicada às lindas mulheres aqui presentes". Nesta canção, Deris, sentado num banquinho com um violão no colo, ficou sozinho no palco ao lado de Sascha. A faixa foi cantada em uníssono pelos presentes.
E foi depois da canção seguinte, A Handful of Pain, que o frontman anunciou o ponto alto da noite: "vamos tocar agora três músicas juntas. No total, elas somam 45 minutos, então pensamos que seria melhor condensarmos elas todas em uma", disse antes da execução de Keeper of the Seven Keys, The King for a 1000 Years e Halloween.
I Want Out, um dos grandes hits da banda, encerrou a primeira parte do show, cuja principal característica foi a alegria transmitida pelos alemães ao público, que tocam com enorme desprendimento e naturalidade, transformando o evento em uma grande festa.
Após pouco mais de um minuto de gritos de "happy, happy Halloween, ôôôô", os alemães voltaram ao palco para a execução da pesadíssima Ride the Sky, seguida por Future World, momento de maior interatividade entre músicos e plateia na noite.
Para instigá-la a cantar o refrão da faixa o mais alto possível, Deris começou a contar histórias em meio à execução da música em baixo volume por parte de seus companheiros. "Eu sei que você fazem melhor do que isso. Já estive no palco aqui com o meu grande amigo André Matos e constatei isso", disse, para depois provocar: "vocês têm de gritar mais alto, pois nosso baterista é surdo. Ele não ouviu nada do que eu falei hoje. Dani (chamando o músico), eles vão cantar para você".
Aproveitando a descontração, o vocalista contou uma história sobre o colega das baquetas. "Nós estávamos no Japão e eu comprei uma garrafa de scotch, whisky. Vinte anos! Muito caro. E vocês querem saber o que esse cara fez com ela? Misturou com coca-cola!", brincou, para vaias dele e da plateia em direção ao companheiro. "Ainda assim, ele é um dos meus melhores amigos, então deixa para lá".
O fim de Future World, que ainda contou com a apresentação dos integrantes da banda um a um, não foi o encerramento do show. Faltava Dr. Stein, uma das canções mais bem humoradas da carreira do Helloween, se é que isso é possível. A faixa veio em um novo bis, o segundo e último, e contou com a presença de cerca de uma dezena de fãs fantasiados do personagem-título da música no palco, entre eles, o empolgado baixista do Stratovarius, Lauri Porra.
Weikath deu uma palheta para uma das garotas ao seu lado tocar as cordas de seu instrumento e Sascha chegou a tirar a guitarra de seu corpo e colocá-la em outra fã, que teve a oportunidade de posar de rock-star ao lado dos ídolos. Ao fim da canção, a banda se despediu e o sempre simpático Andi Deris se dirigiu à grade e apertou as mãos, praticamente um a um, daqueles que estavam mais próximos do palco. Uma noite memorável.
Set-list - Stratovarius:
Infernal Maze
Eagle Heart
Phoenix
The Kiss of Judas
Winter Skies
Under Flaming Skies
Paradise
Darkest Hours
Speed of Light
Hunting High and Low
Black Diamond
Set-list - Helloween:
Are you Metal?
Eagle Fly Free
Steel Tormentor
Solo de guitarra - intro
Where the Sinners Go
I´m Alive
You Stupid Mankind
Forever and One
Handful of Pain
Medley: Keeper of the Seven Keys/The King for a 1000 Years/Halloween.
I Want Out
Ride the Sky
Future World
Dr. Stein
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