É.., ao invés de seguir a moda de alguns anos atrás, eu só li "A Cabana" livro há algumas semanas atrás, no feriado prolongado de abril.. Eu já tinha visto algumas opiniões a respeito, mas quis ter conhecimento de causa e portanto uma opinião bem fundamentada, aí finalmente resolvi ler..
Eu já havia postado sobre esse livro anteriormente (e foi poucos dias depois de ter lido), mas o texto não era meu, então resolvi somente acrescentar nessa postagem algumas coisas ao que já foi dito..
Bom, eu demorei 2 dias pra ler.. É uma leitura consideravelmente "leve", tranqüila de assimilar e bastante descritiva.. No decorrer da história é possível visualizar mentalmente todo o ambiente citado, e também os personagens conforme são descritos..
Houve sem dúvidas criatividade na construção dessa ficção, e o autor demonstrou um ótimo conhecimento bíblico em muitas citações, sem falar que achei bem interessante que o contexto que dá origem à história é a morte de uma criança nas mãos de um pervertido, fugindo um pouco dos clichês..
Enfim.., o livro é muito bem escrito, porém peca em seu objetivo..
O autor tenta descrever "à sua maneira" a Trindade (o que em si só já traz uma possibilidade enorme de falhar), relatando a forma com as 3 pessoas se relacionam entre si e também em relação aos humanos (que o autor garante que são todos filhos de Deus)..
É interessante novamente mencionar o contexto, no qual o senhor "Mack" tinha perdido sua filha (raptada num momento de descuido dele), o que somado as suas experiências negativas na infância em relação ao pai gerou uma mágoa dele em relação a Deus.. Com isso, alguns anos depois desse rapto, esse deus resolve convidá-lo para visitar a Cabana onde os últimos vestígios de sua filha haviam sido encontrados, e lá ele tem essa experiência sobrenatural que revela a essência da Trindade e transforma sua vida..
"Deus" é representado então por 2 mulheres e 1 homem, sendo "o Pai" uma cozinheira gorda e negra, o "Espírito Santo" uma mulher asiática "enigmática" e "Jesus" um homem com aparência de ser do Oriente Médio..
Então "Papai" (que é o nome pelo qual chamam a mulher negra) diz a Mack que escolheu aquela forma para se revelar com o intuito de remover os preconceitos dele, e que aqueles dias na Cabana mudariam sua vida totalmente..
Mack começa essa experiência sobrenatural como um homem rancoroso, que inicialmente tenta questionar "Deus" sobre seus grandes dilemas, mas que aos poucos vai sendo "tocado" pela convivência com as 3 pessoas, até ser curado de sua "grande tristeza" e tudo o mais que o incomodava..
(Na verdade eu achei o Mack um bundão.., mas aos poucos eu digo o porquê..)
Os dias de Mack com aquele "deus" são recheados de acontecimentos místicos, sendo que se dá muita ênfase ao efeito sobrenatural que eles causam no coração de Mack.. Ou seja, em muitas situações a razão passa a ser secundária, e as "sensações" são exaltadas (alguma semelhança com o neopentecostalismo?? ¬¬)..
Mas o que mais me irritou ao ler esse livro foi a forma "melosa" como aquele "deus" agia.. Muitos afagos, "beijinhos", "sorrisinhos", etc.. Era um "amorzinho" esse "deus"..
O autor descreve um "Deus" que tem um propósito de reconciliar consigo todas as coisas, mas que é incapaz de ser realmente justo em relação ao mal no mundo.. É um "deus" que chora com as maldades e que não pune os "malfeitores", já que todos são perdoados e ganham o paraíso.. (universalismo detected X[ )
Esse "deus" quer o bem de todos, mas de forma alguma interfere na liberdade destes, e por isso assiste todas as injustiças sem poder fazer muita coisa.. (algo próximo a um deísmo..)
É um deus "fofinho", "bunitinho", "carinhosinho", mas não Soberano.. E isso é claro, pela forma como o autor dá abertura à doutrina ao teísmo aberto, sugerindo que "Deus" abre mão de ser Deus para se relacionar de igual para igual com o ser humano..
Uma lástima..
Mas por que eu disse que o Mack era um bundão??
Ah sim, por que quando ele começou a questionar "deus" sobre as dúvidas que tinha em mente, foi facilmente enrolado pelo jeitinho meigo da "Papai" e seus amiguinhos..
Achei o Mack muito "maleável" para alguém que tinha sofrido por tantos anos.. Ele acatou muito facilmente ao que lhe foi dito sempre de forma inconclusa, com muita "filosofia" e pouca lógica..
Com certeza eu daria muito mais trabalho para aquele "deus"..
É curioso que em certa parte da história a "Sabedoria de Deus" é personificada e convida Mack para que ele julgue as ações divinas, e mesmo tendo essa chance em mãos, depois de ter sofrido tanto, ele é facilmente envolvido pelas emoções (que são a grande ênfase do livro) e não consegue argumentar decentemente..
Não que algum de nós tenha o direito de querer julgar as atitudes do Deus Soberano, mas as desses "deus da cabana" com certeza, até porque ele é "inofensivo" e tão ou mais bundão que o Mack..
Finalizando, esse livro trata de uma forma muito positiva os modelos de relacionamentos e o amor em si, mas não passa disso, e portanto exagera nesse assunto.. Tenta "decifrar" a Trindade incutindo conceitos que passam longe do que a bíblia revela..
E se você quiser saber mais detalhadamente a respeito das heresias que esse livro propaga, leia essa postagem: "Fique longe dessa CABANA".
A quem gostou do livro, me desculpe se meus comentários soaram "pesados" ou intolerantes, mas a leitura desse livro realmente me irritou.. rs
EU NÃO RECOMENDO!!