Recentemente foi determinado em São Paulo que dependentes de crack poderão ser internados 'à força'. Ou seja, se for considerado que a pessoa está colocando em risco a vida de terceiros ou até a própria vida, então as autoridades poderão interná-la mesmo contra sua própria vontade..
Isso tem dividido opiniões, sendo que muitos são contra a medida por sustentarem a ideia de que isso vai contra os direitos da própria pessoa ser tratada ou não..
O que as pessoas que defendem tal opinião acreditam é que a pessoa tem que voluntariamente se dispor, e o "x" da questão aí seria então se essa pessoa, dominada pelo vício, tem realmente condições de tomar conscientemente tal decisão e persistir nela..
Bom, fazendo uma analogia no campo da teologia, a bíblia aponta qual é a condição natural de toda a humanidade perante Deus, e também informa como Ele trata essa humanidade..
Vejamos o que diz Efésios 2:1-10:
Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.
Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira.
Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos.
Deus nos ressuscitou com Cristo e com Ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus.
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.
Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.
Através desse texto, fica claro que todos os seres humanos estavam mortos em seus pecados, satisfazendo seus próprios desejos carnais e portanto todos merecedores da ira de Deus.. PORÉM, o apóstolo Paulo menciona que essa não é mais a condição atual de todos, pois pela misericórdia divina e Seu amor, Deus deu vida a alguns, os ressuscitando e lhes concedendo uma grande herança.. E tudo isso EM CRISTO, pois não foi algo baseado em obras de tais pessoas, mas tão somente baseado na Graça de Deus, mediante a fé que é concedida a elas..
Ou seja, a raça humana como um todo possui uma natureza pecaminosa que a distancia de Deus (Romanos 3:23), mas através da obra de salvação realizada pelo próprio Deus algumas pessoas recebem uma nova natureza (2 Coríntios 5:17) em contraste com aquela natureza original (Romanos 7:19-25).
Alguém poderia questionar se essa transformação se dá em todas as pessoas, mas a bíblia é enfática em mostrar que nem todos são justificados, porque não são todos que tem fé (2 Tessalonicenses 3:2). Inclusive fiz um pequeno estudo usando o livro de João que trata deste tema: Os salvos e os não-salvos.
Voltando ao texto de Efésios, lemos claramente que, dentre essa 'massa pecadora', Deus cria 'vasos' para as boas obras (vs 10, ver tb: Rm 9:21-23).
Mesmo sendo todos pecadores merecedores do inferno, Deus elegeu e salvou/salva alguns deles.
Na teologia, a ordem dos acontecimentos relacionados à salvação de uma pessoa recebe o nome de Ordus Salutis, sendo que a participação ou cooperação humana é nula.
No trecho de Romanos 8:28-33 podemos enxergar uma ordem clara que envolve a eleição, o chamado, a justificação e a glorificação. Todos realizados ativamente por Deus, e sendo recebidos passivamente pelo ser humano.
Tendo em vista que o ser humano não quer e por isso não busca a Deus (Romanos 3:11), é necessário que Deus realize toda a obra necessária para que a pessoa seja salva indo na direção contrária à vontade natural dela mesma..
Isso mesmo, a pessoa naturalmente não deseja a Deus, não O busca, não O glorifica como se deve (Romanos 1:21), e nada em si mesma pode mudar esse quadro, pois isso faz parte de sua natureza..
Pensando então no caso dos viciados em crack que mencionei no início, podemos comparar o uso do crack à prática do pecado..
A pessoa peca sempre voluntariamente, e o usuário do crack usa a droga da mesma forma, e ambos são escravos dessas práticas.. Podemos dizer que pecar é um "vício", graças à natureza inclinada a isso.. Pecar é um costume, algo rotineiro e até prazeroso para o ser humano, da mesma forma que o crack o é para o usuário..
Tanto o crack quanto o pecado levam à destruição da pessoa, mas mesmo que ela não queria esse "destino", esse é o caminho que ela quer para si mesma..
No caso do crack, a deterioração do corpo humano é muito evidente pela rapidez com que acontece e também pela incapacidade da pessoa sequer de ocultar isso quando está dominada pelo vício.. Já no caso do pecado, o processo de destruição pode ser bastante visível e desesperador para a pessoa, mas em outros casos a pessoa pode conviver com isso toda uma vida sem assumir sua "condição de escravidão", ou mesmo sabendo dessa situação mas sendo hipócrita ao fingir que não há problema algum..
O fato é que em ambos os casos é necessária uma ação externa para que a pessoa saia desta condição. Ela é incapaz por si mesma de deixar essas práticas para trás..
No caso dos dependentes de crack eles podem reconhecer essa situação e pedir auxílio, e mesmo assim terão uma luta pela frente (já que seus próprios corpos vão rejeitar a ideia de largar o vício), sendo que alguns não conseguem levar à frente seu desejo de libertação nem mesmo com essa ajuda externa.. Já no caso da escravidão ao pecado é mais complicado..
Como eu disse antes, o ser humano naturalmente não quer a Deus.. Para conseguir a ajuda externa que os tira dessa condição é necessário sujeição e humildade, que não são características da natureza humana contaminada pelo pecado. Sendo assim o ser humano NUNCA vai querer realmente essa ajuda externa, já que ela eliminaria justamente o que ele mais gosta de fazer (pecar) e por isso o desejo de abandono (abstinência) não pode então ser desenvolvido.
Resumidamente, o ser humano não tem a capacidade interior nem de QUERER deixar sua condição de pecador. Isso porque sua natureza o leva a justamente não se sujeitar ao Único que pode tirá-lo dessa condição.. É um problema moral..
E qual é a solução para a salvação desses rebeldes obstinados??
R = Eles precisam ter suas VONTADES alteradas.
Isso é chamado pela teologia de REGENERAÇÃO. É o "novo nascimento" (João 3:3).
Consiste em Deus abrir os olhos das pessoas para sua condição a ponto delas passarem a odiarem seus próprios pecados, ao invés de ao próprio Deus..
Sendo assim, Deus não salva a pessoa "atropelando" todas as vontades dela, mas sim transformando essas vontades.
Hipoteticamente, se eu tivesse a natureza de um rato, gostaria de comer queijo e fugiria de gatos; mas se eu tivesse a natureza de um gato caçaria os ratos e fugiria de cachorros. Minhas ações, vontades e gostos estariam relacionados à natureza que eu tivesse..
Assim é a diferença da natureza pecaminosa e a nova natureza, sendo que a primeira faz com que eu me rebele contra a Vontade de Deus, enquanto que a segunda me sujeita a ela..
Quando Deus regenera uma pessoa, coloca nela essa nova natureza, e desta forma as vontades dessa pessoa já não são as mesmas do passado e, VOLUNTARIAMENTE, ela passa a querer obedecer a Deus.
Lembrando sempre que isso vem do próprio Deus, tanto em termos de imputar a vontade na pessoa quanto fazer com que essa vontade se torne na prática uma "boa obra" (Filipenses 2:13).
A briga interna entre a antiga natureza e essa nova natureza acontece até o final da vida da pessoa. Por isso mesmo ela ainda peca, pois em certas ocasiões a velha natureza 'fala mais alto', porém com o tempo a pessoa vai sendo conformada à imagem de Cristo (Romanos 8:29) e essa nova natureza vence essa luta.. Esse processo é chamado de SANTIFICAÇÃO e essa garantia é chamada de PERSEVERANÇA DOS SANTOS.
Enfim, pode-se dizer que a salvação é inicialmente um ato 'impositivo' de Deus pelo fato DEle agir contra a vontade do natural do ser humano, mas que ao mesmo tempo a passividade humana acaba sendo voluntária a partir dessa regeneração.
A recente lei referente ao tratamento forçado dos viciados em crack (mencionada no início) levanta a polêmica sobre o desrespeito à vontade dos próprios usuários, mas em relação à obra perfeita da salvação não há argumentos que possam torná-la injusta..
A Sabedoria de Deus é maravilhosa!!
Alguém poderia questionar se essa transformação se dá em todas as pessoas, mas a bíblia é enfática em mostrar que nem todos são justificados, porque não são todos que tem fé (2 Tessalonicenses 3:2). Inclusive fiz um pequeno estudo usando o livro de João que trata deste tema: Os salvos e os não-salvos.
Voltando ao texto de Efésios, lemos claramente que, dentre essa 'massa pecadora', Deus cria 'vasos' para as boas obras (vs 10, ver tb: Rm 9:21-23).
Mesmo sendo todos pecadores merecedores do inferno, Deus elegeu e salvou/salva alguns deles.
Na teologia, a ordem dos acontecimentos relacionados à salvação de uma pessoa recebe o nome de Ordus Salutis, sendo que a participação ou cooperação humana é nula.
No trecho de Romanos 8:28-33 podemos enxergar uma ordem clara que envolve a eleição, o chamado, a justificação e a glorificação. Todos realizados ativamente por Deus, e sendo recebidos passivamente pelo ser humano.
(para um estudo mais detalhado, acessar aqui: Minha análise de Romanos 8:28-33)
Tendo em vista que o ser humano não quer e por isso não busca a Deus (Romanos 3:11), é necessário que Deus realize toda a obra necessária para que a pessoa seja salva indo na direção contrária à vontade natural dela mesma..
Isso mesmo, a pessoa naturalmente não deseja a Deus, não O busca, não O glorifica como se deve (Romanos 1:21), e nada em si mesma pode mudar esse quadro, pois isso faz parte de sua natureza..
Pensando então no caso dos viciados em crack que mencionei no início, podemos comparar o uso do crack à prática do pecado..
A pessoa peca sempre voluntariamente, e o usuário do crack usa a droga da mesma forma, e ambos são escravos dessas práticas.. Podemos dizer que pecar é um "vício", graças à natureza inclinada a isso.. Pecar é um costume, algo rotineiro e até prazeroso para o ser humano, da mesma forma que o crack o é para o usuário..
Tanto o crack quanto o pecado levam à destruição da pessoa, mas mesmo que ela não queria esse "destino", esse é o caminho que ela quer para si mesma..
No caso do crack, a deterioração do corpo humano é muito evidente pela rapidez com que acontece e também pela incapacidade da pessoa sequer de ocultar isso quando está dominada pelo vício.. Já no caso do pecado, o processo de destruição pode ser bastante visível e desesperador para a pessoa, mas em outros casos a pessoa pode conviver com isso toda uma vida sem assumir sua "condição de escravidão", ou mesmo sabendo dessa situação mas sendo hipócrita ao fingir que não há problema algum..
O fato é que em ambos os casos é necessária uma ação externa para que a pessoa saia desta condição. Ela é incapaz por si mesma de deixar essas práticas para trás..
No caso dos dependentes de crack eles podem reconhecer essa situação e pedir auxílio, e mesmo assim terão uma luta pela frente (já que seus próprios corpos vão rejeitar a ideia de largar o vício), sendo que alguns não conseguem levar à frente seu desejo de libertação nem mesmo com essa ajuda externa.. Já no caso da escravidão ao pecado é mais complicado..
Como eu disse antes, o ser humano naturalmente não quer a Deus.. Para conseguir a ajuda externa que os tira dessa condição é necessário sujeição e humildade, que não são características da natureza humana contaminada pelo pecado. Sendo assim o ser humano NUNCA vai querer realmente essa ajuda externa, já que ela eliminaria justamente o que ele mais gosta de fazer (pecar) e por isso o desejo de abandono (abstinência) não pode então ser desenvolvido.
Resumidamente, o ser humano não tem a capacidade interior nem de QUERER deixar sua condição de pecador. Isso porque sua natureza o leva a justamente não se sujeitar ao Único que pode tirá-lo dessa condição.. É um problema moral..
E qual é a solução para a salvação desses rebeldes obstinados??
R = Eles precisam ter suas VONTADES alteradas.
Isso é chamado pela teologia de REGENERAÇÃO. É o "novo nascimento" (João 3:3).
Consiste em Deus abrir os olhos das pessoas para sua condição a ponto delas passarem a odiarem seus próprios pecados, ao invés de ao próprio Deus..
Sendo assim, Deus não salva a pessoa "atropelando" todas as vontades dela, mas sim transformando essas vontades.
Hipoteticamente, se eu tivesse a natureza de um rato, gostaria de comer queijo e fugiria de gatos; mas se eu tivesse a natureza de um gato caçaria os ratos e fugiria de cachorros. Minhas ações, vontades e gostos estariam relacionados à natureza que eu tivesse..
Assim é a diferença da natureza pecaminosa e a nova natureza, sendo que a primeira faz com que eu me rebele contra a Vontade de Deus, enquanto que a segunda me sujeita a ela..
Quando Deus regenera uma pessoa, coloca nela essa nova natureza, e desta forma as vontades dessa pessoa já não são as mesmas do passado e, VOLUNTARIAMENTE, ela passa a querer obedecer a Deus.
Lembrando sempre que isso vem do próprio Deus, tanto em termos de imputar a vontade na pessoa quanto fazer com que essa vontade se torne na prática uma "boa obra" (Filipenses 2:13).
A briga interna entre a antiga natureza e essa nova natureza acontece até o final da vida da pessoa. Por isso mesmo ela ainda peca, pois em certas ocasiões a velha natureza 'fala mais alto', porém com o tempo a pessoa vai sendo conformada à imagem de Cristo (Romanos 8:29) e essa nova natureza vence essa luta.. Esse processo é chamado de SANTIFICAÇÃO e essa garantia é chamada de PERSEVERANÇA DOS SANTOS.
Enfim, pode-se dizer que a salvação é inicialmente um ato 'impositivo' de Deus pelo fato DEle agir contra a vontade do natural do ser humano, mas que ao mesmo tempo a passividade humana acaba sendo voluntária a partir dessa regeneração.
A recente lei referente ao tratamento forçado dos viciados em crack (mencionada no início) levanta a polêmica sobre o desrespeito à vontade dos próprios usuários, mas em relação à obra perfeita da salvação não há argumentos que possam torná-la injusta..
A Sabedoria de Deus é maravilhosa!!