Extraído de: Monergismo.com
Pietismo é uma visão que olha para o mundo mais amplo como uma questão de extrema insignificância, pois se foca exclusivamente em tornar a alma individual melhor. Radicalmente individualista e profundamente gnóstico, o movimento evita o envolvimento político, denigre o exercício do domínio e algumas vezes faz adições à lei de Deus. Isso, sem dúvida, nunca deveria ser confundido com piedade, que é algo bom. Piedade é santidade no caráter, um zelo de crescer em graça e sabedoria, dar muito fruto do Espírito. Porque essas duas coisas são frequentemente confundidas, não é incomum aqueles mais relaxados na busca da santidade acusar os mais zelosos de pietismo. De forma semelhante, não é incomum alguns que são apaixonados em reafirmar os direitos régios do Rei Jesus, que anseiam em ver o Seu reino reconhecido, desdenhem a busca da piedade pessoal como uma distração.
Nosso chamado, sem dúvida, é trabalhar para manifestar o reinado de Cristo sobre todas as coisas, incluindo nossas almas. E devemos fazer isso em círculos concêntricos. Isto é, minha primeira obrigação é buscar a minha própria santidade. Em seguida devo trabalhar para ver que meus filhos cresçam na graça. Em seguida estão aqueles sob o meu cuidado pastoral, direta ou indiretamente. Finalmente devo trabalhar para ver todas as instituições sob o Seu domínio. Todos nós deveríamos reconhecer quão firmemente ligadas essas coisas são. O mundo, a igreja, minha família melhorarão à medida que eu melhorar. Não abandonei essas coisas para buscar uma piedade maior; estou buscando uma maior piedade servindo a Deus nessas áreas. Da mesma forma, purificar o mundo, a igreja e a minha família por sua vez redundam para minha própria santificação. Ninguém pode errar ao trabalhar para ver a glória e a beleza da autoridade de Cristo mais amplamente reconhecida.
Dito isso, eis aqui alguns exemplos onde a piedade termina e o pietismo começa. Não é incomum ouvir alguns cristãos bem intencionados argumentarem que não deveríamos tentar tornar o aborto ilegal, pois, somos informados, “Isso é uma questão do coração”. Em vez disso, somos informados que precisamos somente trabalhar para ganhar almas, e a questão do aborto cuidará de si mesma. O mesmo, sem dúvida, poderia ser dito sobre o assassinato. O assassinato é ilegal, e as pessoas ainda o praticam. Dessa forma, por que ver os assassinos processados? Ganhar almas não é muito mais importante? Bem, o Senhor a quem alegamos adorar estabeleceu o Estado como um instrumento de justiça. Ele deu a esse Estado a espada para punir os malfeitores. Isso significa que ele chama o Estado a proteger os não nascidos. É impiedade abandoná-los mediante o abandono do nosso chamado profético ao mundo. Sem dúvida deveríamos buscar ver almas alcançadas. Assim como deveríamos buscar ver a justiça sendo feita para com os não nascidos.
Isso nos leva ao nosso segundo exemplo. Há aqueles que argumentam que a única função da igreja é a Palavra e os Sacramentos. A Bíblia, nos é dito, não fala diretamente sobre questões políticas. A igreja não deveria estar falando contra comportamento homossexual. A igreja não deveria falar em favor dos não nascidos. Cultura é simplesmente cultura, uma realidade humana mais que uma realidade espiritual. Não há, portanto, tal coisa como trazer a carpintaria, poesia ou política sob o Senhorio de Cristo. Isso é pietismo. Ele pode estar disposto a afirmar o Senhorio de Cristo sobre todas as coisas, mas não de uma forma que você possa dizer que Jesus reina. A Palavra nos chama a fazer o Seu reinado conhecido, a destruir as obras do diabo e suas tropas diabólicas. E os sacramentos alistam (batismo) e alimentam (Ceia do Senhor) o Seu exército.
Pietismo é uma palavra feia, e podemos ser culpados de usá-la demasiadamente. Um problema, contudo, é que o pietismo é uma realidade feia. A piedade nos chama a sair e demonstrá-la lá fora, em nome do nosso Rei ressurreto e soberano.
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