quinta-feira, 4 de abril de 2013

Rejeitem os hereges, não só as heresias

Bookmark and Share Bookmark and Share
Evite, porém, controvérsias tolas, genealogias, discussões e contendas a respeito da lei, porque essas coisas são inúteis e sem valor.
Quanto àquele que provoca divisões, advirta-o uma e duas vezes. Depois disso, rejeite-o.

Você sabe que tal pessoa se perverteu e está em pecado; por si mesma está condenada.  
(Tito 3:9-11)

Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com pessoas imorais.

Com isso não me refiro aos imorais deste mundo, nem aos avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse, vocês precisariam sair deste mundo.

Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se com qualquer que, dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Com tais pessoas vocês nem devem comer.

Pois, como haveria eu de julgar os de fora da igreja? Não devem vocês julgar os que estão dentro?

Deus julgará os de fora. "Expulsem esse perverso do meio de vocês".  
(1 Coríntios 5:9-13)

Em ambos os textos, Paulo está dando conselhos sobre o tratamento que se deve dar aos hereges que surgem nas igrejas.. No texto da carta a Tito, além de aconselhar os crentes a não perderem tempo falando de coisas que não acrescentam, Paulo ressalta que tais pessoas que propagam as heresias devem sim ser advertidas, mas não 'eternamente' e sim algumas vezes, porém se persistem teimosamente no erro devem ser rejeitadas. Na carta à igreja de Corinto, Paulo deixa claro que está se referindo só ao povo da igreja e não falando sobre a relação com qualquer pessoa, quando adverte sobre a quebra de comunhão que devemos exercer com aqueles que se consideram ou fingem ser cristãos mas que vivem nas antigas práticas de pecados sem qualquer remorso.. Ele ressalta que "com tais pessoas vocês nem devem comer" mostrando que não devemos relevar esse comportamento e tratar essas pessoas como 'irmãs', porque não agem como tal, e que a igreja deve expulsá-las de sua membresia.

Paulo não disse nada contraditório ao que Cristo já havia instruído:

Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão.
Mas se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’.
Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano.  
(Mateus 18:15-17)


Jesus ensinou que o primeiro passo no ato da exortação é conversar pessoalmente e a sós com aquele que pecou, que a segunda tentativa deve ser contando com testemunhas e que se nem isso adiantar então deve ser levado à igreja.. O último passo, depois de tanta teimosia do pecador, é que ele seja oficialmente excluído dessa igreja, para que não contamine os demais e nem dê um mal testemunho com seu falso cristianismo..

Alguns podem apelar para a parábola do joio e do trigo pra sustentar a ideia de que não cabe a nós fazer essa distinção (como o próprio Cristo ensinou) e que se tentarmos eliminar o joio sacrificaremos o trigo também.. Porém, aí temos um detalhe importante, que é o fato de não podermos identificar o que é joio e o que é trigo..



Na imagem acima, se é que possível encontrar diferenças que deem certeza de qual é o joio e qual é o trigo, constatamos que fazer essa diferenciação é realmente difícil e não seria nada absurdo que alguém confundisse os dois.. Além disso, o joio cresce juntamente com o trigo, por isso é apelidado inclusive de 'falso trigo'..
Ou seja, nessas circunstâncias e considerando todas nossas limitações, devemos ter em mente que ao tentarmos julgar sem provas concretas e evidentes, a chance de erro é enorme e poderíamos fazer acepção de pessoas por usarmos critérios errados..

No caso da exortação e até exclusão dos falsos cristãos, a igreja deve estar de acordo que seus atos são clara e abertamente contrários ao ensino bíblico. Quer dizer, a pessoa não pode ser julgada por algo que ela "transpareça" mas sim por aquilo que ela declara e pratica "publicamente".. Desta forma podemos entender que esses que assim agem não estão "camuflados" entre os cristãos verdadeiros (como o joio entre o trigo), mas sim que são visivelmente inimigos da Igreja mesmo quando se mostram amigáveis a ela..

Paulo também adverte sobre algo importante, que é o fato das heresias serem sinais que distinguem quem são os falsos e os verdadeiros cristãos:

Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio.
Pois é necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são aprovados.  
(1 Coríntios 11:18-19)


A defesa da Verdade é o grande sinal que temos para identificar os verdadeiros cristãos:

Disse Jesus aos judeus que haviam crido nEle: 
"Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". 
(João 8:31-32)


Muitos são levados pelos ventos de doutrinas e por seus próprios egos inflamados a rejeitarem a verdade que lhes é apresentada, mas aqueles que permanecem na palavra são verdadeiros cristãos..

Com isso não estou afirmando que os cristãos nunca pecam e que sempre interpretam perfeitamente a vontade de Deus para julgar os seus próprios pecados e os alheios, porém é fato inegável que eles tem esse desejo sincero em obedecer, e de negarem-se a si mesmos (Mateus 16:24)..

Por isso mesmo Paulo também disse:

Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado.
Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo.
Se alguém se considera alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo.
Cada um examine os próprios atos, e então poderá orgulhar-se de si mesmo, sem se comparar com ninguém, pois cada um deverá levar a própria carga.  
(Gálatas 6:1-5)

Ou seja, o maior cuidado para quem for exercer a exortação deve ser justamente o auto-exame, para que não tentem corrigir alguém antes mesmo de passar pela correção, e NUNCA se achando superior a essa pessoa que caiu em erro.. (Filipenses 2:3).

Isso já havia sido também instruído por Jesus:

Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu?
Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.  
(Mateus 7:4-5)


Nós sempre devemos observar nossa própria condição e nos colocar na posição de ouvintes quanto aos nossos próprios erros, e a intenção de corrigir alguém deve ser a de ajudar essa pessoa a obedecer à Vontade de Deus para que não peque contra Ele e sofra as conseqüências..

Sempre devemos considerar nossa pecaminosidade e tratá-la, mas isso não impede e nem proíbe a prática da exortação, já que é demonstração de amor ao próximo e portanto dever nosso. (Tiago 4:17)

Finalizando, quando formos exercer essa prática, que busquemos visar a glória de Deus. Devemos exercitar a mansidão para que a abordagem seja construtiva e não uma forma de afundar mais a pessoa em seus pecados. Porém, se depois de todas essas etapas no processo de exortação a pessoa insistir no pecado, então devemos cortar nossa comunhão com ela e a igreja deve chegar ao extremo de exclui-la do convívio comunitário.

Que ELE nos capacite a cada dia!!