Ao lermos sobre a conversão de Saulo, ficamos maravilhados com a Graça de Deus. Aquele homem que até então “ainda respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor”, que durante muitos anos perseguiu aqueles que amavam a Jesus, que consentiu com a morte de Estevão quando este prenunciava o Evangelho da Graça de Deus, subitamente é escolhido por Jesus para sua obra.
Através da conversão de Saulo, alguns simples pontos podemos aprender aqui:
1) É Deus que por Sua Graça nos escolhe. Saulo em nenhum momento desejou ao Senhor, do contrário, o perseguia (Atos 9:4). Enquanto este em sua trajetória a Damasco cogitava prender discípulos de Jesus, foi interceptado pelo próprio Cristo (Atos 9.5). Naquele encontro não houve apelo, barganhas, promessas de bênçãos materiais, ou coisa do tipo. Deus simplesmente realizou a Sua vontade! C.H. Spurgeon comenta belamente que “a Graça de Deus não viola a vontade humana, mas triunfa docemente sobre ela”. Isto significa que aquele que é agraciado por Deus de modo algum resistirá a Sua vontade!
2) A Graça de Deus excede o nosso entendimento! O que quero dizer é que se cogitássemos a oportunidade nos dada por Deus de escolhermos alguém para salvação certamente não escolheríamos salvar alguém como “Saulo” – pedra de tropeço para o avanço da Igreja de Deus. Mas amor de Deus nos constrange e choca a nossa religiosidade – quando ao escolher Paulo para sua obra, logo ouviu de Ananias palavras de ponderações: “Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quanto males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender todos os que invocam o teu nome” (At 9.13-14). É evidente que este amor de Deus não nos seleciona por níveis de moralidade, “bondade”, obras ou mérito humano. A escolha de Paulo por Deus deixa claro que não há como compreender esse amor!
3) Ser salvo pela Graça gera conceitos e certezas a respeito de Deus. Paulo evidenciou vários conceitos a respeito de Deus e do homem que foram destacados em suas cartas.
Não há um justo sequer (Rm 3.10)
Deus usa a Sua misericórdia como Lhe aprouve usar (Rm 9.15)
Dos pecadores sou o Pior (1 Tm 1.15)
Deus prova o Seu Amor para conosco mesmo sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8)
Não vivo eu mais Cristo Vive em mim (Gl 2.20)
Sou escravo de Cristo (Fp 1.1)
A Sua Graça me alcançou para ser santo e irrepreensível (Ef 1.4)
É Ele quem rege a nossa história operando o querer e o efetuar (Fp 2.13)
Na Graça de Deus tudo coopera para o meu bem (Rm 8.28)
A Sua Graça deve me valer mais que tudo (2Co 12.9)
Toda fonte de riqueza, sabedoria, ciência vem dEle! (Rm 11.33)
Termino dizendo que a compreensão da Graça de Deus não nos serve para legitimar alguma linha teológica. Longe de querer empurrar o calvinismo goela abaixo de muitos irmãos, reafirmo que experimentar e compreender a Graça de Deus é uma forma consciente e gloriosa de dizer: porque dEle e por Ele, e para Ele são todas as coisas, Glória a Ele eternamente, Amém! (Rm 11.36)
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