domingo, 15 de dezembro de 2013

Epistemologia Cristã (por Ivan Junior)

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Epistemologia é a área da filosofia relacionada ao conhecimento, basicamente ela tenta responder uma pergunta básica. Como sabemos o que sabemos? 
Ela deve ser o ponto de partida de qualquer sistema de pensamento, pois até eu responder “como” eu sei alguma coisa não faz sentido eu dizer “o que” eu sei. 

Iremos discutir nesse texto as diferentes visões sobre epistemologia até perceber que somente a Bíblia responde de maneira coerente essa questão.

Empirismo

De acordo com o empirismo todo o conhecimento vem dos sentidos. A ciência se baseia no empirismo, e o “sucesso” dela é usado como prova da veracidade do empirismo.
Com base no empirismo nunca podemos chegar a uma conclusão universal, eu não posso dizer que todos os corvos são pretos porque eu observei cem corvos e os cem eram pretos, numa observação posterior eu posso observar um corvo albino, além disso, eu não posso observar todos os corvos que existiram e os que ainda irão existir. Com isso entendemos porque as teorias científicas estão sempre mudando, uma observação pode mudar toda a conclusão anterior. Portanto a ciência nunca chega a verdade sobre nada, porque a verdade não pode ser mutável, o que é verdade hoje deve ser obviamente verdade amanhã. Parafraseando Clark[1], “não podemos aceitar uma visão pragmatista da verdade, que o que é verdade hoje pode ser falso amanhã. Se a verdade muda então o pragmatismo será falso amanhã, se alguma vez foi verdade”

Outro problema com o empirismo é que os sentidos podem nos enganar.

O empirismo também não pode explicar como aprendemos a linguagem, por exemplo, como diz Vincent Cheung[2]
“Quando diz respeito a aquisição de linguagem, que realmente se inclui na categoria mais ampla de aquisição de conhecimento, é impossível a pessoa aprender o significado de uma palavra pela sensação. Um pai pode tentar ensinar ao filho o que a palavra “carro” significa apontando para o carro. Antes de tudo sobre a base do empirismo, a criança não pode nem mesmo ver ou conhecer o pai, o carro e o ato de apontar, mas ignoremos isso por ora. A criança ainda deve fazer uma inferência a partir do ato de apontar do pai. Se o pai tenta ensinar o filho o significado da palavra “carro” apontando para o carro, então para a criança a palavra “carro” pode significar o ato de apontar, o dedo usado para apontar, a cor do carro, qualquer parte do carro, o carro juntamente com a rua e a paisagem de fundo, qualquer objeto maior, o significado de “ali” ou “deixa para lá”, e um número infinito de outros significados possíveis. O Ponto é que o ato de apontar para um carro não produz a inferência necessária de que “carro” signifique o que queremos dizer pela palavra. Se alguém tenta sobrepujar o problema apontando para muitos carros, então o significado da palavra na melhor das hipóteses, se tornar um “transporte” que pode ser um elefante ou um camelo em algumas partes do mundo. Mas até mesmo o conceito de transporte não é uma inferência necessária do ato de apontar para muitos carros.”
A palavra carro ainda apresenta menos dificuldades que outras como fé, Deus, justificação, espaço, tempo, verdade. Como alguém pode aprender essas palavras com base nos sentidos, alguém pode ver, ouvir, tocar ou cheirar essas coisas?

Os empiristas também defendem que o homem nasce com uma mente branca, sem conhecimento nenhum, mas como diz Clark[3]
“Uma mente branca é uma impossibilidade. Uma consciência consciente de nada é uma contradição de termos”
Além disso as sensações de uma pessoa, não são nada além do que as sensações de uma pessoa, outras pessoas não podem experimentar as nossas sensações, com base nelas não posso estar certo de que há um mundo externo ou se eu sou apenas enganado como no filme Matrix. Deve-se acrescentar ainda que muitos animais tem sensações ainda mais aguçadas, como saber se não são as sensações deles que estão corretas.  Como posso ter a categoria de correto com base na sensação, ou de verdade? Ninguém pode dizer com base no empirismo o que deve ser feito, leis morais não podem derivar das sensações.

E além de tudo o empirismo descansa em uma contradição, segundo o empirismo todo conhecimento vem dos sentidos, mas não é possível pelos sentidos ter conhecimento que “todo conhecimento vem dos sentidos”.

Racionalismo

Uma outra teoria de epistemologia é o racionalismo, que afirma que a razão do homem é fonte primária ou única da verdade. Segundo Schaeffer[4] a definição de racionalismo é que “O homem começa absoluta e totalmente de si mesmo, coleciona informação a respeito dos particulares e formula os universais”. Os racionalistas nunca chegam a um consenso de qual o ponto de partida do seu pensamento. O homem não é onisciente, ele não pode conhecer todas as coisas e portanto com base em sua própria razão ele também não pode afirmar nenhum conceito universal.  O homem também é falho em seu raciocínio, como cristão não devemos esquecer que a queda também afetou a mente do homem.

A Visão Bíblica

Mateus 16.15-17   Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.  Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus
1 Coríntios 2.9-10   mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.
Esse texto de 1 Coríntios, ao contrário do que muitos pensam não fala sobre o céu, olhe o contexto e veja que ele fala sobre a sabedoria de Deus. Os sentidos não podem nos revelar a verdade “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram” nem tampouco podemos chega-la por nosso própria razão “nem jamais penetrou em coração humano”, mas apenas Deus pode nos revelar a verdade.

Deus é onisciente, só Ele conhece e controla todas as coisas, só baseado na sua palavra podemos extrair conceitos universais. Só na Sua Palavra podemos descobrir a verdade. Ninguém pode afirmar nenhum conceito universal aparte da palavra.

Precisamos partir de um ponto em nosso pensamento, esse ponto é a Bíblia, a revelação de Deus, a única base para a verdade. Alguns podem argumentar como nós sabemos que ela é verdadeira, mas se provarmos o nosso ponto de partida logo ele já não é o nosso ponto de partida. E se aceitarmos que outros documentos comprovem a veracidade da bíblia, logo estamos considerando esses documentos como superiores a própria bíblia, e esses serão então nosso ponto de partida e se prosseguirmos assim seguiremos infinitamente. A Bíblia é o nosso ponto de partida, essa não é uma escolha arbitrária, pois ela não apenas explica como temos conhecimento, mas também sobre a realidade (metafísica) sobre ética e as demais áreas de importância em nossa visão do mundo, a apenas ela explica essas coisas de maneira racional e clara e todos os outros sistemas de pensamento falham nessas áreas.


Extraído de:
http://salmo73v26.blogspot.com.br/2012/06/epistemologia-crista.html


[1] NASH, Ronald H. O Argumento a partir da Verdade de Gordon Clark. Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/filosofia/argumento-verdade-clark_nash.pdf >
[2] CHEUNG, Vincent. Questões Últimas. p. 38-39. Disponível em
[3] ROBBINS, John W. Uma introdução a Gordon Clark. p. 7. Disponível em
[4] SHAEFFER, Francis. A Ciência moderna nos primórdios. P. 3. Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/apologetica/schaeffer_ciencia_moderna.pdf>