A cada ano, o natal recebe fortes golpes de alguns cristãos. Um exemplo recente enviado ao site American Vision:
“Deuteronômio 12:30 diz que Deus odeia estas coisas e que não devemos indagá-las e fazê-las também do Senhor. O Rei Acaz fez esta mesma coisa e pagou as consequências, tentando trazer algo de um templo pagão para dentro do templo do Senhor. A passagem diz que isto se chama “fazer o mal ante aos olhos do Senhor.” Sem falar que Jesus não nasceu em 25 de dezembro”.
A Resposta: Visto que os cristãos adoram a Jesus e não a algum outro deus no natal de 25 de dezembro, não vejo como aplicar Deuteronômio 12:30. Somente faz falta ler as mensagens que os cristãos mandam uns aos outros neste dia. “Feliz natal de nossa casa a sua. Que tenham um dia maravilhoso com sua família e amigos celebrando o nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”
De maneira consciente o rei Acaz adorava outros deuses. Instalou um altar de deuses dos assírios no templo (2 Reis 16). Outra vez, não vejo como o caso de Acaz se aplica à celebração do nascimento de Jesus. Ninguém está construindo um altar a um deus pagão e instalando em um templo. Em 25 de dezembro os cristãos adoram a Jesus. Como é que adorando a Jesus representa “fazer o mau ante aos olhos do Senhor”?
Enquanto alguns argumentam que Jesus nasceu em 25 de dezembro, duvido que alguém faça desta data um ponto de doutrina. É o dia que os cristãos elegeram para dar atenção especial ao nascimento de Jesus. Os Protestantes não consideram o natal como um dia santo de obrigação como está designado na igreja Católica Romana. Não há obrigação de ir à igreja nem fazer atos não necessários.
A celebração do natal é a celebração do nascimento de Jesus.
Isto é dificilmente uma coisa má, visto que dois dos evangelhos começam com a narrativa do nascimento. Outros argumentam que em 25 de dezembro era originalmente uma festa pagã, a celebração de um suposto deus do sol. Sabemos que o sol não é um deus. O sol é uma coisa criada. Deus criou o sol. Se seguimos o argumento do deus do sol teremos que nos perguntar o que fazer com os dias segunda feira [lunes em espanhol] (lua), terça-feira [martes em espanhol] (Marte), quarta-feira [miércoles em espanhol] (Mercúrio), quinta-feira [jueves em espanhol] (Júpiter) e sexta-feira [viernes em espanhol] (Venus). Somos adoradores de ídolos porque participamos de um grupo pequeno ou celebramos nossos aniversários em um destes dias? Temos tomado estes dias. Já não tem o significado que os pagãos os atribuíram.
Suspeito que podemos encontrar algo pagão acontecendo durante cada um dos 365 dias do ano. [1]. Devemos ficar em casa por temor de participar do paganismo? Deus preparou Israel para entrar na terra de Canaã em que todo tipo de práticas pagãs aconteciam. Israel tinha que retomar a terra [2]. O argumento que os pagãos faziam tal ou qual coisa neste dia é irrelevante.
Considere estes comentários de James B. Jordan:
E assim mostramos que os romanos e outros povos pagãos tinham uma festa do solstício de inverno para celebrar a subida do sol nos céus e a mudança do frio ao calor – e daí? Todos os festejos pagãos são réplicas perversas dos festejos verdadeiramente piedosos. A adoração pagã do sol é uma perversão da analogia bíblica do sol a Cristo (Malaquias 4:2; [3] Salmo 19, etc.). O reconhecimento pagão da mudança no ano das trevas à luz, da morte à vida, no solstício de inverno não mais é que uma perversão da verdade no pacto com Noé. O que está errado em reivindicar o solstício de inverno para Cristo?
Faz muito tempo que os cristãos decidiram retomar o 25 de dezembro dos pagãos. Me parece uma boa ideia. Os muçulmanos entendem esta ideia muito melhor que os cristãos. Não lhes causaram problemas construir um de seus lugares mais santos sobre o fundamento do que era o templo de Israel. Para os secularistas é encantador converter as igrejas abandonadas em restaurantes e museus. Por outra parte os cristãos se retiram de cada progresso temporal dos incrédulos e assim prolongam sua usurpação da cultura. O cristianismo que somente está em defesa não é cristianismo.
E sobre as árvores de natal?
Por algum tempo um ministério cristão nacional pediu a minha esposa um edredom com um arco-iris grande para servir como um fundo de suas apresentações nas convenções. Uma vez assisti uma destas convenções em Atlanta. Fui ao posto do ministro e mencionei a senhorita representante do ministério que minha esposa fez o edredom. Com um olhar de frustração me disse que uma senhora apenas tinha saído enjoada, mostrando que o arco-iris era o símbolo do movimento homossexual e que os cristãos não devem usá-lo. Lembrei-lhes que o arco iris foi uma criação de Deus e o colocou nos céus para sinal a Noé e as futuras gerações que jamais iria destruir toda carne por meio de um dilúvio (Gênesis 9:12-17).
Então, quem é o dono do arco íris? Simplesmente porque os homossexuais (e ante deles os da nova era e antes deles os duendes irlandeses) tinham desviado algo da criação de Deus, parecido ao que tinham feito com o sexo, o matrimônio e a palavra “gay” não significa que não podemos continuar usando o arco-iris e dar seu significado correto. Na verdade, devemos trabalhar para restaurar a imagem a seu significado redentor original. Ao contrário, muitos cristãos recusam exibir o arco-iris porque os sodomitas o sequestraram.
Devemos deixar de usar a madeira porque alguns buscam a “um hábil artesão para erguer um ídolo que não caia”(Isaías 40:20) ? São todas as árvores pagãs porque os pagãos as usaram para fazer seus ídolos? Claro que não! Deus designou uma árvore para representar a vida.
E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.
No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações. (Apocalipse 22:1-2)
A bíblia nos diz, mesmo depois da caída do homem no pecado, que “Tudo o que Deus criou é bom, e nada deve ser rejeitado se é recebido com ações de graças” (1 Timóteo 4:4 cc Gênesis 1:31), mesmo a carne sacrificada aos ídolos (1 Coríntios 10:14-33).
Durante milênios os adoradores de ídolos inclinaram-se ante aos corpos celestes – o sol, a lua e as estrelas – chamando-as de seus deuses. Existia gente nos dias de Isaías que consultava a “seus astrólogos, os que profetizam por meio das estrelas, prevendo cada lua nova (Isaías 47:13). Deus advertiu ao povo de Israel a não levantar “os olhos ao céu e ver o sol, a lua, as estrelas e todo o exercito do céu, e ser impulsionado a adorá-los e servi-los, coisas que o Senhor teu Deus concedeu a todos os povos debaixo de todos os céus.” (Deuteronômio 4:19)
Deus criou os corpos celestes para “marcar as estações, dos dias e dos anos, e que brilhem no firmamento para iluminar a terra” (Gênesis 1:14-15). Também o mau uso dos corpos celestes não deteve a Deus da eleição do sol, da lua e das estrelas para simbolizar a sua nação eleita, Israel (Gênesis 37:9-11; Apocalipse 12:1-2). Nem se deteve em usar uma estrela para anunciar o nascimento de Jesus (Mateus 2:2). É dito que Jesus é o “sol da justiça” (Malaquias 4:2; c.f Isaías 30:26;60:1-3).
Os pagãos acreditam que há poder nos objetos inanimados como o sol, a lua e as estrelas. Olhe como Deus ridiculariza os que mudam a boa criação de Deus à coisas que reivindicam o direito de ser adoradas (Isaías 44:12-20). O povo de Deus sabe que não é certo. Não podemos nos enganar nem nos intimidar; é só uma peça de madeira criada por Deus para nosso benefício e prazer. Podemos queimá-la para nos esquentar, transformá-la em ferramenta, construir um bote ou uma casa. Devemos cortar as árvores em nossos jardins porque Jesus foi crucificado em uma madeira?
Alguns se referem a Jeremias 10:1-10 para advogar contra o uso da “árvore de natal”. Jeremias está narrando a adoração dos ídolos e a ridiculariza. “Como os espantalhos de uma plantação de pepinos, seus ídolos não falam; devem ser transportados, pois não andam. Não tenham medo deles, pois não podem fazer nenhum mal, nem mesmo fazer algum bem” (10:5). Quem entre nós crê que a “árvore de natal” é um deus para adorar? Existiam figuras esculpidas e gravadas de querubins, palmas e flores abertas nas paredes de dentro e de fora do templo (1 Reis 6:29). As duas portas foram feitas de madeira de Olivia com figuras esculpidas de querubins, palmas e flores abertas (1 Reis 6:32).
Qualquer cristão que se inclina a uma árvore, busca conselho dela, tenta se comunicar com Deus ou cm o diabo por meio dela, ou a adora ou a Deus por meio dela como se fosse um adivinho (1 Samuel 28:3-25) o faz porque é um idólatra. Mas o uso de uma árvore por tais coisas está muito longe da maneira que funciona uma árvore de natal em uma casa cristã fiel. Os cristãos decoram as árvores com luzes e ornamentos porque lhes trazem gozo e deleite enquanto comemoram o nascimento de Jesus. Se você não gosta, não compre uma árvore. Também não denuncie seu irmão cristão de idolatria baseado em uma suposta origem e função pagã de folhas perenes. O que acontece quando termina o tempo de natal? A árvore é jogada junto do lixo ou queimada no jardim. Ninguém faria isto a um ídolo.
Em vez de condenar a árvore de natal como uma prática pagã levada a nossas casas, devemos recordar que Deus nos promete o “direito a árvore da vida” (Apocalipse 22:14). Se a Bíblia nos diz, “observe a formiga…no que faz, e adquire sabedoria” (Provérbios 6:6), certamente podemos aprender coisas similares das outras criações boas de Deus, mesmo as árvores.
Simplesmente porque os pagãos poderiam ter utilizado as árvores para adorar seus deuses não significa que os cristãos não podem usá-las para ensinar algo sobre Deus que nos deu o “dom inefável ” de Jesus Cristo (2 Corintios 9:15). A árvore de natal é uma árvore de folha perene que nos recorda que temos “vida eterna” em Jesus Cristo (João 6:40). A forma da árvore nos recorda que somos “nascidos de cima” [4] (João 3:3). As folhas em forma de pontos nos lembram que Jesus foi “transpassado por nossas transgressões” (Isaías 53:5). As luzes penduradas na árvore nos lembram que Jesus é a “luz do mundo” (João 8:12) e por meio d’Ele seremos “a luz do mundo” a outros (Mateus 5:14). Os adornos que penduramos nas ramas nos recordam que “toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descende do Pai das luzes*, em que não há caminho nem fase de sombra.” (Tiago 1:17).
Originalmente de: American Vision, 25 de Dezembro de 2010
[1] Assim alguns crêem sobre a a Cholula e suas muitas igrejas e santos, uma festa a cada dia. Onde moro (Roger) parece que se não há foguetes para um santo há um ensaio de foguetes para um santo.
[2] O Salmo 150 manda o povo a adorar Deus com vários instrumentos. Alguns eruditos na Bíblia opinam que antes da conquista Israel não tinha instrumentos e que todos são instrumentos que adotaram dos cananeus.
[3] Mas para vocês que tem meu nome, se levantará o sol da justiça trazendo saúde em seus raios. E vocês sairão saltando como bezerros alimentados.
[4] A palavra ἄνωθεν (anothen) tem um duplo sentido: de novo ou de cima. João usa a palavra 5 vezes, 3:3, 7; 3:31; 19:11 e 23. Nas últimas três o contexto claramente significa “de cima”. Nas duas primeiras é possível tomar qualquer um dos dois sentidos. Pela resposta de Nicodemus parece que assim se confundiu. O autor usa a “pergunta mal entendida” para enfatizar um ponto importante. (NET Bible apuntes).