domingo, 26 de janeiro de 2014

Assassinado! (por Charles Haddon Spurgeon)

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Houve um dia, enquanto eu fazia meus passeios no exterior, quando eu fui por um lugar, para sempre gravado em minha memória, pois lá vi esse amigo, o meu melhor, o meu único Amigo... Assassinado!

Abaixei-me no triste susto, e olhei para Ele. Eu vi que suas mãos haviam sido perfuradas com pregos de ferro bruto, e os pés haviam sido rasgados da mesma forma. Havia miséria em seu rosto morto tão terrível que mal ousava olhar para ela.

Seu corpo estava magro, com fome, Suas costas estavam vermelhas com flagelos de sangue, e a Sua testa tinha um círculo de feridas sobre ela: podia-se ver claramente que estes tinham sido perfurados por espinhos.

Eu estremeci, porque eu sabia que este amigo era muito bom. Ele nunca teve uma falha; Ele era o mais puro dos puros, o mais santo dos santos.

Quem poderia tê-lO ferido?

Pois Ele nunca feriu qualquer homem: em toda a sua vida Ele "andou fazendo o bem." Ele curou os doentes, Ele alimentou os famintos, Ele ressuscitou os mortos: foi por quais dessas obras que O mataram? Ele nunca tinha respirado qualquer outra coisa, senão o amor - e quando eu olhei para o pobre rosto doloroso, tão cheio de agonia, e ainda tão cheio de amor, eu me perguntava quem poderia ter sido um miserável tão vil a ponto de perfurar mãos como as dEle.

Eu disse comigo mesmo: "Onde é que estes traidores vivem? Quem são estes que poderiam ter ferido Alguém como este?"

Se tivessem assassinado um opressor, poderíamos ter-lhes perdoados; tivessem matado alguém que tinha mergulhado em vício ou vilania, isto poderia ter sido sua falta; se tivesse sido um assassino e um rebelde, ou um que cometeu sedição, poderíamos ter dito: "Enterre seu corpo: a justiça foi finalmente feita como lhe era devido."

Mas quando Tu foste morto, meu melhor, meu único amado, onde os traidores esconderam-se? Deixe-me agarrá-los, e eles devem ser condenados à morte! Se há tormentos que eu possa conceber, com certeza eles devem suportar todos eles. Oh! o ciúme, a vingança que eu senti! Se eu pudesse encontrar esses assassinos, o que eu faria com eles!

E enquanto eu olhava para aquele cadáver, eu ouvi um passo, e me perguntei onde ele estava. Eu escutei, e eu claramente percebi que o assassino estava por perto! Estava escuro, e eu tateava prestes a encontrá-lo. Eu pensei que, de alguma forma ou de outra, onde quer que eu colocasse a minha mão, eu não poderia encontrá-lo, pois ele estava MAIS PERTO de mim do que minha mão poderia alcançar.

Por último, eu coloquei minha mão sobre MEU PEITO. "Eu o tenho agora", disse eu - pois eis! ele estava em meu PRÓPRIO CORAÇÃO - o assassino estava escondido dentro de meu próprio peito, habitando nos recônditos do mais íntimo da minha alma.

Ah! então eu, de fato, chorava, que eu, na própria presença do meu Mestre assassinado, estaria abrigando o assassino - e eu me senti mais culpado enquanto eu me curvei sobre Seu cadáver, e cantei esse hino lamentoso...
"Todos vocês, MEUS PECADOS, meus pecados cruéis,

Seus principais algozes foram;
Cada um dos meus delitos tornaram-se um prego,
e a incredulidade a lança."
Em meio à turba que perseguiu o Redentor para o Seu castigo, havia algumas almas graciosas cuja amarga angústia procurou soltar-se em pranto e lamentações - música apropriada para acompanhar essa marcha da aflição.

Quando a minha alma pode, em imaginação, ver o Salvador carregando a cruz até o Calvário, ela se junta às mulheres piedosas, e chora com elas, pois, de fato, não há mais verdadeira causa de tristeza, para repousar mais profunda do que aquelas carpideiras consideraram. Elas lamentavam o inocente maltratado, o bondoso perseguido, o amor sangrando, a humildade prestes a morrer - mas meu coração tem uma causa mais profunda e amarga para chorar.

MEUS PECADOS eram os flagelos que dilaceraram aqueles abençoados ombros, e coroaram de espinhos as suas sobrancelhas sangrantes; os meus pecados gritaram - "Crucifica-O! Crucifica-O!" e lançaram a cruz sobre os Seus ombros graciosos.

Seu ser foi conduzido adiante Sua morte é [motivo] suficiente para tristeza por toda uma eternidade, mas eu ter sido Seu assassino é muito mais, infinitamente mais sofrimento do que uma pobre fonte de lágrimas pode expressar.

Se Cristo morreu por mim, ímpio como eu sou, fraco como eu sou, então eu não posso viver em pecado por mais tempo, mas preciso despertar-me para amar e servir Àquele que me tem redimido.

Eu não posso brincar com o mal que matou o meu melhor amigo.

Eu devo ser santo por causa dEle.

COMO POSSO VIVER EM PECADO QUANDO ELE MORREU PARA ME SALVAR DESSE?




Extraído de: