Extraído de: Mensagem Reformada
Texto Revisado, Editado e Modificado com permissão do Autor por: Átila Calumby
... As Escrituras de Deus são suficientes para instruir e aperfeiçoar o homem de Deus, e assim afirmamos e declaramos que a sua autoridade vem de Deus e não depende de homem ou de anjo...
(Confissão de Fé Escocesa)
Em toda conclusão sobre a realidade, existem premissas que são os determinadores daquela realidade, e aquelas premissas, por sua vez, são conclusões de outras. Um bom exemplo disso é a frase: "Frank Brito é baiano", o termo "Frank Brito" aponta para uma pessoa, no entanto, ele pode estar se referindo ao mesmo tempo para várias pessoas diferentes, pois existem muitos nomes iguais a esse. Mas, se contextualmente soubermos quem seja o “Frank Brito” da frase acima, tal informação passa a delimitar que Frank Brito é esse, no caso o autor desse texto.
A palavra "baiano" por sua vez aponta apenas para o local de nascimento dele. Com base nessa afirmação de que "Frank Brito é baiano", poderíamos chegar a seguinte conclusão: "Frank Brito nasceu no Brasil".
A palavra "baiano" por sua vez aponta apenas para o local de nascimento dele. Com base nessa afirmação de que "Frank Brito é baiano", poderíamos chegar a seguinte conclusão: "Frank Brito nasceu no Brasil".
A conclusão que "Frank Brito nasceu no Brasil" é baseada na premissa já aceita de que ele é baiano. E o fato dele ser baiano me leva a concluir que ele é brasileiro. Ser baiano é o fator determinante para ser brasileiro.
Mas repetindo o que foi dito anteriormente, sobre confusão relacionada à determinação/não-determinação. Se alguém não soubesse minha nacionalidade e encontrasse minha certidão, ela poderia dizer: Frank Brito é baiano. E alguém poderia dizer Frank Brito é baiano porque sua certidão diz que é. Essa última frase não seria a causa do Frank ser Baiano. A certidão em si não é a causa determinante dele ser baiano. Nascer naquela região do Brasil é que foi a causa determinante. A certidão revela aquilo que já era uma realidade. A certidão não determinou aquilo que a realidade seria. Se estivesse escrito erroneamente lá "gaúcho" isso não mudaria o fato de que ele nasceu na Bahia e, portanto é baiano.
Mas repetindo o que foi dito anteriormente, sobre confusão relacionada à determinação/não-determinação. Se alguém não soubesse minha nacionalidade e encontrasse minha certidão, ela poderia dizer: Frank Brito é baiano. E alguém poderia dizer Frank Brito é baiano porque sua certidão diz que é. Essa última frase não seria a causa do Frank ser Baiano. A certidão em si não é a causa determinante dele ser baiano. Nascer naquela região do Brasil é que foi a causa determinante. A certidão revela aquilo que já era uma realidade. A certidão não determinou aquilo que a realidade seria. Se estivesse escrito erroneamente lá "gaúcho" isso não mudaria o fato de que ele nasceu na Bahia e, portanto é baiano.
A confusão entre uma coisa de outra é a causa de muitos infernos da sociedade moderna. O homem moderno é caracterizado pela crença de que ele seja um determinador do que a realidade é. Se ele decreta que dois homens sejam casados, ele acredita que eles serão de fato casados. O conceito de casamento é, pra ele, uma determinação dele. Se ele decreta que X é correto, então X é correto. Inúmeros exemplos poderiam ser dados.
Mas não é verdade que o homem não tenha qualquer poder de determinação. A minha chefe tem o poder de fazer com que eu não trabalhe mais no meu emprego por exemplo. Mas, como eu mostrei acima, todo poder de determinação depende de uma causa real entre o determinador e aquilo que é determinado.
Antes de falarmos da natureza das Escrituras propriamente dita e de que forma sua autoridade e validade, falarei de forma mais ampla de como a Escritura descrevem a natureza da Revelação/Palavra de Deus. Desde os primeiros capítulos de Gênesis, a Bíblia traça uma distinção de extrema importância entre o que é a Palavra de Deus e o que não é.
“Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus...”
(Gênesis 3:1-5).
A sugestão do Diabo era que a Palavra de Deus não condizia com a realidade, mas que a sua própria palavra era a verdade, determinando assim o que era a realidade. A sugestão do Diabo era que a Palavra dita por Deus poderia e deveria ser substituída por outra palavra, outra ordem, outro sistema como o determinador do bem e do mal, daquilo que as coisas realmente eram. Essa é a essência de todo pecado, ou seja a idéia de que o homem possa estabelecer as suas próprias palavras, o próprio julgamento, a própria opinião, a própria tradição no lugar da Palavra do Senhor.
Isso por si só deve fazer com que tenhamos muito cuidado para discernir se o que temos dito vem de nós mesmos ou se são verdadeiramente a Palavra do Deus. A Palavra do Senhor não pode ser misturada com as palavras dos homens. Misturar as palavras do Senhor com as palavras dos homens é a essência do pecado. Substituir ou confundir as palavras dos homens com a Palavra do Senhor é tratado na Bíblia inteira, de Gênesis a Apocalipse, como um ataque contra a própria Soberania de Deus, por ser uma tentativa de entronizar o homem, por meio de suas próprias palavras e juízos, como sendo o verdadeiro Soberano.
Essa substituição acontece de diferentes maneiras no decorrer de toda a História Bíblica. Eu vou relatar algumas que irão demonstrar como a questão das Escrituras devem ser encaradas da mesma maneira. Eu vou mostrar qual era a relação da Revelação de Deus com as opiniões dos homens dentro da própria Escritura, dessa forma, analisando internamente nas Escrituras que servirão de base pra você ver que tipo de abordagem nós devemos ter com a própria Escritura. Eu quero que você veja que o meio de validação das Escrituras que eu estou sugerindo aqui é o meio apontado pelas próprias Escrituras.
Vamos lá então...
Vamos lá então...
"Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Assim partiu Abrão como o SENHOR lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã".
(Gênesis 12:1-4)
Esse é o primeiro texto que narra a vocação de Abraão.
Não sabemos até que ponto Abraão tinha ligação com o paganismo. Existe grande possibilidade dele até ter sido um pagão. E dentro disso, é preciso notar algo muito, muito importante. Precisamos notar o contexto epistemológico de Abraão e de sua obediência a Deus.
Não sabemos até que ponto Abraão tinha ligação com o paganismo. Existe grande possibilidade dele até ter sido um pagão. E dentro disso, é preciso notar algo muito, muito importante. Precisamos notar o contexto epistemológico de Abraão e de sua obediência a Deus.
O Senhor mandou. Abraão obedeceu. Mas poucos se dão conta das circunstâncias na qual a obediência de Abraão aconteceu. Certa vez eu vi uma entrevista do ateísta, Richard Dawkins, em que ele disse que ele só creria em Deus se Deus aparecesse pra ele. Isso é algo revelador sobre a natureza do empirismo e da epistemologia. E é algo muito importante para a gente comparar com as circunstâncias de Abraão e também de que forma a Palavra de Deus é validade.
No mundo moderno, onde reina o materialismo e o anti-sobrenatural, a consequência lógica é que qualquer sobrenatural é considerado como sendo uma validação importantíssima.
Mas o que precisamos entender é o seguinte. No mundo de Abraão, os deuses pagãos tinham sinais também. Na verdade, eles continuam tendo sinais. A diferença é que o domínio da cosmovisão materialista e anti-sobrenatural abafa isso.
Pegue só o exemplo de Sócrates. Os registros históricos não deixam dúvidas de que ele conversava com demônios. Não foi só Moisés que fez a vara virar serpente. Os magos de Faraó também fizeram. Os pagãos não eram cativos de deuses sem qualquer manifestação real em suas vidas. Eram cativos de deuses cujos sinais poderiam averiguar.
Quando entendermos isso, poderemos "entender" muito do comportamento dos hebreus no deserto. Muitos de nós não conseguimos compreender como os hebreus poderiam ainda ter dúvidas sobre Deus mesmo depois de tantos sinais: "E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil". (Números 21.5)
O motivo pelo qual não temos a mínima idéia é porque nós lemos isso com lentes materialistas. No mundo moderno, onde reina o materialismo e o anti-sobrenatural, a consequência lógica é que qualquer sobrenatural é considerado como sendo uma validação importantíssima e decisiva.
Mas se os magos do Egito fazia sinais também e todo o mundo Egípcio era um mundo cuja cultura era regida pela crença em um panteão de deuses, qual garantia epistemológica os judeus tinham que o Deus que os tinha libertado não era só mais um como os que havia no Egito? Qual era a garantia epistemológica de que realmente Deus era bom e não os tinha tirado de lá só pra matar no deserto?
O motivo pelo qual não temos a mínima idéia é porque nós lemos isso com lentes materialistas. No mundo moderno, onde reina o materialismo e o anti-sobrenatural, a consequência lógica é que qualquer sobrenatural é considerado como sendo uma validação importantíssima e decisiva.
Mas se os magos do Egito fazia sinais também e todo o mundo Egípcio era um mundo cuja cultura era regida pela crença em um panteão de deuses, qual garantia epistemológica os judeus tinham que o Deus que os tinha libertado não era só mais um como os que havia no Egito? Qual era a garantia epistemológica de que realmente Deus era bom e não os tinha tirado de lá só pra matar no deserto?
Qual era a garantia que Abraão tinha que ele realmente deveria confiar na voz que veio até ele? Qual garantia Abraão tinha de que o Deus que lhe enviava era realmente quem dizia ser? Em resumo:
Qual era a base epistemológica pra Abraão reconhecer que a Palavra do Senhor que lhe falara era realmente a Palavra do Senhor a ser ouvida?
"Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo, Dizendo: Certamente, abençoando te abençoarei, e multiplicando te multiplicarei. E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa. Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda".
(Hebreus 6.13-16)
Toda declaração de verdade exige um padrão de validação que estabelece tal declaração como verdadeiro. Esse padrão anterior é o pressuposto sobre o qual outras declarações posteriores são validadas. A conclusão não valida o seu pressuposto. O pressuposto valida a conclusão. A conclusão não pode validar o pressuposto porque o pressuposto é que faz a conclusão ser possível de existir. É o que eu disse antes sobre determinador da verdade.
O texto diz que quando Deus jurou a Abraão, Ele não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo. Por que? Porque o que valida Deus não é algo acima ou anterior a Deus. Deus sendo o Criador, o princípio e o fim, não pode ser validado por nada acima ou anterior a ele, pois nesse caso ele não seria Deus. A natureza de Deus é que a verdade de sua Palavra é garantida pela própria natureza de sua Palavra e não por algo acima ou anterior a sua Palavra que garante que sua Palavra seja verdadeira.
A distinção entre a Palavra de Deus e a palavra dos deuses do Egito não estava em algo acima ou anterior da Palavra de Deus que determinava que a Palavra de Deus aos hebreus fosse verdadeira e a dos deuses do Egito não. A distinção estava na natureza inerente desta Palavra que autenticava a si mesma.
A distinção entre a Palavra de Deus e a palavra dos deuses do Egito não estava em algo acima ou anterior da Palavra de Deus que determinava que a Palavra de Deus aos hebreus fosse verdadeira e a dos deuses do Egito não. A distinção estava na natureza inerente desta Palavra que autenticava a si mesma.
Essa foi a mesma situação diante da qual esteve Eva no Jardim. O que Eva tinha diante dela era a Palavra de Deus contra as palavras da serpente. Ela tinha que escolher entre confiar em uma ou em outra. Qual garantia tinha ela que a Palavra de Deus era a verdadeira? Qual garantia ela tinha que a palavra da serpente não era? Qual era a base epistemológica de distinção?