sábado, 7 de fevereiro de 2015

O Universalismo e a Redenção Limitada

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Universalismo é a crença no fato de que todos serão salvos. Há várias pessoas hoje em dia que defendem o ponto de vista da “Salvação Universal” - a idéia de que todos os homens eventualmente irão para o Céu com o Senhor. Talvez seja o pensamento de homens e mulheres vivendo uma vida de tormento no inferno que faz com que alguns rejeitem o ensinamento das Escrituras nesta questão. Para alguns é a sua ênfase exacerbada no amor e na compaixão de Cristo que os levam a acreditar que Deus terá misericórdia de toda alma vivente. 

Antes de tudo, há prova de que os homens não redimidos irão habitar no inferno para sempre. As palavras do próprio Jesus confirmam que o tempo que os redimidos irão passar no Céu durará tanto quanto o tempo que os não redimidos irão passar no inferno. Mateus 25:46 diz: “E irão estes [não-redimidos] para o castigo ETERNO, porém os justos, para a vida ETERNA” (minha ênfase). Alguns acreditam que aqueles no inferno irão eventualmente cessar de existir, mas o Senhor mesmo confirma que irá durar para sempre. Este “fogo eterno” é mencionado anteriormente em Mateus 25:41 também. Em Marcos 9:44 Jesus diz que o inferno é onde “nem o fogo se apaga”. Ele nunca irá se apagar porque irá durar para sempre. As Escrituras ensinam que alguns homens irão passar a eternidade no inferno, enquanto outros irão passar a eternidade no Paraíso com o Senhor. 
“Assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas”. (João 10:15)
Ao debater a expiação, alguns dizem que Cristo morreu por todos e que todos, sem exceção, serão salvos. Este é o universalismo real. Uma segunda doutrina ensina que Cristo morreu por todos, mas que Sua morte não tem efeito salvador sem a adição da fé e do arrependimento, não previstos na sua morte. Em outras palavras, Ele morreu com o propósito geral de tomar a salvação possível, mas a salvação de indivíduos específicos não estava incluída na sua morte. Isso é um universalismo hipotético. A terceira doutrina é aquela que ensina que, ainda que a morte de Cristo tenha sido infinita no seu valor, ela só visava salvar alguns – aqueles que foram conhecidos de antemão. Isso é a expiação limitada ou definida.

Existe também o que é chamado de universalismo contingente, que seria a crença na possibilidade de que todos venham a ser salvos. Ou seja, quem defende tal visão não afirma com convicção que isso ocorrerá mas deixa em aberto no mínimo a esperança de que venha a acontecer. Como se fosse algo não claramente expresso na bíblia.

A Redenção limitada, também chamada de redenção “particular” ou “expiação limitada”, é a doutrina histórica Reformada a respeito da intenção do Deus trino, na morte de Cristo. Sem questionar o valor infinito do sacrifício de Cristo ou a genuinidade do sincero convite de Deus a todos que ouvem o evangelho (Ap 22.17), essa doutrina afirma que Cristo, na sua morte, tencionava realizar aquilo que realizou: tirar os pecados dos eleitos de Deus e assegurar que todos eles alcancem a fé através da regeneração e pela fé sejam preservados para a glória. Cristo não pretendeu morrer por todos dessa mesma maneira eficaz. A prova disso, como as Escrituras e a experiência nos ensinam, é que nem todos são salvos.

As Escrituras não ensinam que todos serão salvos, o que exclui o universalismo real. Os outros dois pontos de vista não diferem entre si sobre quantos serão salvos, mas a respeito do propósito pelo qual Cristo morreu. As Escrituras tratam dessa questão. O Novo Testamento ensina que Deus escolheu para a salvação um grande número dentre os da raça decaída e enviou Cristo ao mundo para salvá-los (Jo 6.37-40; 10.27-29; 11.51-52; Rm 8.28-39; Ef 1.3-14; 1Pe1.20). Diz-se que Cristo morreu por um povo específico, com uma clara implicação de que sua morte assegurou a salvação dele (Jo 10.15-18,27-29; Rm 5.8-10; 8.32; Gl 2.20; 3.13-14; 4.4-5; 1Jo 4.9-10; Ap 1.4-6; 5.9-10). Antes de morrer, Cristo orou por aqueles que o Pai lhe tinha dado e não pelo mundo (Jo 17.9,20). A oração de Jesus animou aqueles por quem ia morrer, e Ele lhes prometeu que jamais deixaria de salvá-los. Tais passagens apresentam a idéia de uma expiação limitada. O antigo Testamento, com sua ênfase sobre a eleição da graça, oferece grande apoio a essa doutrina.

A doutrina ortodoxa enraizada no Novo Testamento que oferece a garantia da salvação a todos que se arrependem e crêem no Senhor Jesus não é o universalismo que ensina que todos os seres humanos serão aceitos por Deus e gozarão do benefício da morte de Jesus. O universalismo neste sentido foi condenado no Concílio de Constantinopla como uma heresia em 543 d.C. Reapareceu entre os mais extremados anabatistas, alguns Morávios e outros poucos grupos não ortodoxos. Schleiermacher, conhecido pai do liberalismo, abraçou esta posição, seguido por teólogos mais radicais como John A.T. Robinson, Paul Tillich, Rudolph Bultmann. Até o mais destacado teólogo do século 20, Karl Barth, não se posicionou contra esta esperança, mesmo sem se declarar abertamente a seu favor. Os evangélicos, porém, se opõem contundentemente a essa doutrina. Eles reconhecem no universalismo uma forma moderna da mentira de Satanás no jardim: “Certamente, não morrerás”.

A livre oferta do Evangelho e a ordem de pregar as boas-novas em toda parte não são incoerentes com o ensino de que Cristo morreu por Seu povo eleito. Todos os que se chegam a Cristo encontrarão misericórdia (Jo 6.35,47-51,54-57; Rm 1.16;10.8-13). O evangelho oferece Cristo, que conhece Suas ovelhas, Ele morreu por elas; chama-as pelo nome, e elas ouvem a Sua voz. Este é o evangelho que Ele ordenou fosse pregado por Seus discípulos em todo o mundo, para salvar pecadores.

O dualismo que divide toda a humanidade aparece em todo o Novo Testamento. O juiz tem sua pá na mão, limpará completamente a sua eira; “recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mt 3.11,12). Sem nascer de novo não há esperança de ver o Reino de Deus. Achar que o amor de Deus é tão extenso que ninguém pode cair fora dele, é uma crença muito conveniente para os que rejeitam o teor de todo o ensino da Bíblia. Não convém se arriscar em tão fraca esperança.

Porém ainda é necessário ressaltar que dentre os universalistas há quem creia na salvação universal ser necessariamente através do Verbo de Deus, enquanto outros não se prendem de fato ao cristianismo. Muitas vezes um argumento usado pelos primeiros é que o LOGOS eterno ("Verbo" - João 1:1) se manifestou plenamente na pessoa de Jesus Cristo mas também se manifestou em outras formas, e com isso defendem a salvação mediante outras religiões as quais professem ensinos supostamente semelhantes (justamente por causa das supostas manifestações). Desta forma afirmam que a Salvação só ocorre mediante ao Verbo, mas não necessariamente por Jesus Cristo.

Pessoalmente ainda não conheci nenhum universalista sequer que tentasse sustentar o universalismo sem negar algumas partes das Escrituras (por mais que desonestamente, sem transparência), seja afirmando que foram acrescentadas e/ou alteradas ou dando sentidos estranhos a elas. Como por exemplo dizer que o mandamento (IDE) de Cristo aos discípulos não foi de fato dito por Ele. Ou quando dizem que muitas partes do Velho Testamento não são inspiradas.
Enfim, pela minha experiência creio ser impossível que alguém defenda o universalismo e ao mesmo tempo a considere Palavra de Deus.


Adaptado a partir de trechos dos artigos de: