AS
EXIGÊNCIAS DE DEUS
C.
H. Spurgeon
Domingo de Manhã – 11 de Outubro de 1874
"Sabei que o Senhor é Deus: foi ele, e não nós, que nos fez povo seu e ovelhas do seu pasto. Entrai pelas portas dele com louvor, e em seus átrios com hinos; louvai-o e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade estende-se de geração a geração." - (Salmos 100:3-5)
E um truque de satanás tirar nossas mentes das questões mais
importantes e essenciais, distraindo-nos com a sugestão de considerações
triviais. Quando as melhores bênçãos estão solicitando que as aceitemos, ele
trará às nossas mentes as coisas mais insignificantes. Quando Jesus pregava, o
diabo tentava distrair a atenção humana através de debates sobre dizimar a hortelã, o endro e o cominho, alargar as franjas dos
vestidos, usar filactérios, coar mosquitos, e não sei o que mais. Satanás empregou esse método
junto ao poço de
Jacó. Quando o nosso Senhor falou com a mulher sobre a
água viva, e a salvação de sua alma, o maligno a impeliu a perguntar sobre Gerizim e Sião: "Nossos pais
adoraram neste monte, e vós
dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve
orar".
Satanás ainda opera com essa mesma astúcia. Conhecendo as sutilezas do inimigo, é nossa
responsabilidade superá-lo, deixando de lado as questões triviais e
concentrando-nos nas verdades fundamentais, as pedras principais da fé, as
realidades da vida eterna, a vitalidade da santidade; e essas nos levam a Deus
e a Cristo, longe da sombra de cerimônias e das nuvens de vãs especulações, na
direção da rocha eterna e das colinas eternas cujos topos são, aos olhos da fé,
resplandecidos com a aurora. Corramos para lá, afastemo-nos das vaidades terrenas, e que o sopro do Espírito nos apresse em
direção às realidades do céu, para que demos às coisas essenciais a atenção que
lhes é devida.
Para o que, então, fomos criados? Não conheço melhor resposta
do que a do Pequeno Catecismo:
"O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-Lo para sempre"
(deleitar-se com Ele). Há grande quantidade de teologia e filosofia nessa
simples resposta, que nossos velhos sábios têm colocado na boca de crianças. Se
o homem tivesse permanecido como Deus o fez, teria sido seu grande prazer glorificar a Deus; fazer a vontade
de Deus seria tão natural para nós quanto respirar, se não tivéssemos caído da
perfeição original. As criaturas que permanecem como Deus as fez obedecem à Sua
vontade - inconscientemente, eu diria, mas onde há consciência um supremo
prazer é acrescentado, o qual torna a consciência e a boa vontade em maiores
bênçãos.
Vejam os planetas - eles não são teimosos; ao contrário,
giram alegremente nas suas trajetórias predestinadas, porque Deus os ordena a
manterem-se nos seus cursos estabelecidos. Olhem as estrelas vigilantes: não
fecham seus olhos brilhantes, porém sorriem sobre nós de era em era; aquelas sentinelas do céu não extinguem suas luzes, mas
continuam brilhando ininterruptamente, porque Deus disse: "Haja luz",
e delas a luz há de vir. Não ouvimos falar de rebelião entre os corpos celestes
ou de revolta contra a lei que os mantém nos seus cursos celestiais.
E onde há inteligência, contanto que a inteligência permaneça
conforme Deus a tem feito, não há revolta contra a Sua vontade. O poderoso anjo
conta como honra voar igual a um relâmpago à ordem do Eterno. Não rebaixa a sua
dignidade, não diminui o seu prazer, cumprir as ordens do Altíssimo,
respondendo à voz de Sua palavra. Se fôssemos hoje aquilo que deveríamos ser,
seria nosso prazer amar, servir e adorar a nosso Deus, e não necessitaríamos de
pastores para mover-nos à nossa obrigação prazerosa ou para lembrar-nos das reivindicações
de Jeová. Até mesmo a augusta linguagem do nosso texto não seria necessária
para nos exortar a adorar, a nos curvar e a saber que Jeová é Deus. Ele nos tem
feito, e não nós mesmos, portanto devemos exibir essa verdade em toda partícula
do nosso ser. Devido as coisas serem como são, no entanto, precisamos ser
chamados de volta ao dever e impelidos à obediência, e agora, com a ajuda do
bom Espírito de Deus, submeteremos nossos corações a tal chamado.
NO QUE SE BASEIAM AS EXIGÊNCIAS DE DEUS?
1. Sua deidade
As exigências (reivindicações) de Deus baseiam-se, primeiramente, na Sua deidade. "Sabei que o Senhor é Deus." Como Matthew Henry disse tão apropriadamente, a ignorância não gera a devoção, porém a ignorância gera a superstição. O verdadeiro conhecimento gera e faz crescer a piedade. Realmente conhecer a deidade de Deus e entender o que significa dizer que Ele é Deus, é ter imprimido sobre nossa alma o mais forte argumento para a obediência e o louvor.
A deidade deu autoridade à primeira lei que foi decretada quando Deus proibiu ao homem tocar no fruto de certa árvore. Por que Adão não podia colher o fruto? Simples e unicamente porque Deus o proibiu de fazê-lo. Se Deus tivesse permitido, teria sido lícito; todavia a proibição de Deus fez com que fosse pecado comer o fruto. Deus não deu nenhuma razão para Adão ao dizer: "porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás". Seu mandamento, desde que Ele era Deus, era a suprema razão, e ter duvidado de Seu direito de decretar a lei teria sido em si plena rebelião. Deus deveria ter sido obedecido simplesmente porque Ele era Deus. Era um caso onde a introdução de um argumento teria implicado indisposição da parte do homem para obedecer. Adão não poderia desejar mais do que saber que tal e tal coisa era a vontade de Deus. Essa mesma verdade da deidade é a base autoritária da lei moral dos dez mandamentos. Do Sinai, não houve outra reivindicação para obediência senão esta: "Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão". Nessa palavra, "Deus", compreendem-se as razões mais altas, mais importantes e mais justas para o homem render-se totalmente ao serviço divino. Visto que o Senhor é Deus deveríamos servir-Lhe com alegria, e apresentar-nos a Ele com canto.
Foi
nessa questão que Deus testou Faraó, e Faraó pode ser visto como uma espécie de
representante de todos os inimigos do Senhor. "Assim diz o Senhor Deus de
Israel: deixa ir meu povo." Não foi dada nenhuma razão, nenhum argumento,
mas simplesmente isto: "Assim diz o Senhor"; ao qual Faraó,
entendendo perfeitamente o fundamento sobre o qual Deus estava agindo,
respondeu: "Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei?". Então
enfrentaram-se um ao outro, Jeová dizendo: "Assim diz o Senhor Deus de
Israel: deixa ir meu povo", e Faraó respondendo: "Não conheço o
Senhor, nem tão pouco deixarei ir Israel". Sabem como terminou essa
refrega. Aquele cântico de Israel ao lado do Mar Vermelho, quando o Senhor dos
Exércitos triunfou gloriosamente, foi uma profecia da vitória que certamente
será de Deus em todos os conflitos com Suas criaturas, nos quais Seu eterno
poder e Sua deidade são assediados.
O
argumento derivado da deidade não tem sido usado somente com rebeldes
arrogantes mas também com questionadores e argu-mentadores. Observem como fala
Paulo. Ele confronta a penosa questão da predestinação, questão que nenhum de
nós jamais compreenderá, questão sobre a qual é melhor acreditar do que arguir, e ele topa com isto: Se tudo acontece como
Deus ordena "por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem resiste à sua
vontade?" O apóstolo responde simplesmente: "Mas, ó homem, quem és
tu, que a Deus replicas?". Não pode haver réplica contra Deus. Se é da Sua
vontade, então que assim seja. E certo, é bom porque assim Ele decreta. Ele é
Deus? Submetam-se. Se não houvesse nenhum outro
argumento, nenhuma outra razão, deixem que a deidade os convença.
Ateus,
em períodos de tempestade e tumulto, têm encontrado pouca ajuda na sua
filosofia; como Faraó, estiveram prontos a clamar: "Rogai ao Senhor".
No entanto, a oscilação da terra, ou o céu em chamas, que significa isso? O
toque de Seu dedo e o relance de Seu olho fariam muito mais. Ele toca as
colinas, e elas entram em chamas, mas quanto a Ele mesmo, quem poderá
entendê-Lo? Adoremos Sua majestade irresistível, e curvemo-nos diante dEle,
pois o Senhor é Deus.
2. Somos criação Sua
Essa é a próxima razão pelas exigências do Senhor. "Foi Ele, e não nós, que nos fez." Somos todos o fruto do poder divino. Esse é um fato do qual somos informados por revelação, todavia é também um fato com o qual concorda todo instinto de nossa natureza. Nunca viram uma criança espantar-se ao ouvir pela primeira vez que Deus a fez, pois naquela pequena mente existe um instinto que aceita essa declaração. A teoria de que não somos criados, mas que somos meros desenvolvimentos do materialismo, mostra claramente todos os sinais de ficção infundada. Certas declarações são chamadas de axiomas, porque são verdades indiscutíveis, porém esse é um axioma reverso, pois é uma mentira evidente. Não, não nos tornamos como somos por acaso ou por desenvolvimento. Deus nos fez. Essa crença é a maneira mais fácil de escapar de todas as dificuldades, e além disso, é verdade, e tudo dentro de nós nos diz o mesmo.
Uma
vez que o Senhor nos fez, Ele tem direito a nós. O direito de propriedade que
Deus tem no homem é provada além de qualquer argumentação por nós sermos Suas
criaturas. O oleiro tem o direito de fazer o vaso para o fim que ele quiser,
entretanto ele não tem direito tão absoluto sobre seu barro como Deus tem sobre
nós, porque o oleiro não faz o barro; ele faz o vaso do barro, mas o barro já
existia no começo. O Senhor, no nosso caso, tem feito o barro do qual nos tem
formado, e portanto estamos totalmente a Seu dispor, e devemos servir-Lhe de todo o nosso coração. Ora, ó homem, se alguém cria uma
coisa, ele espera usá-la. Se ele cria um instrumento para a sua profissão, ele
pretende usá-lo assim como quiser; e se esse instrumento nunca se dobrasse de
acordo com a sua vontade, ou fosse útil ao seu propósito, ele o descartaria
rapidamente. É assim mesmo com você. O Senhor que o fez tem direito ao seu
serviço e à sua obediência. Será que você não reconhecerá Seu direito?
Considerem o que Ele nos fez. Somos criaturas nada insignificantes!
Quem, senão Deus, poderia fazer um homem? Rafael pega o lápis na mão e com o
toque de mestre cria sobre a tela as formas mais magníficas; e o escultor com
seu cinzel
e seu buril
desenvolve beleza extraordinária; mas aí não há vida, pensamento, intelecto e
se você falar não há voz nem resposta. Quão diferente você é da tela e do
mármore, visto que no seu interior há um princípio misterioso que o torna
semelhante à deidade,
pois sua alma pode conhecer, raciocinar, crer, entender e amar. Eu tinha quase
chamado a alma de infinita, desde que Deus a tem feito capaz de tais coisas
maravilhosas. Assim Ele tem nos confiado grandes capacidades e habilidades, e
tem nos elevado a uma alta posição; certamente, então, cabe a nós servir-Lhe
com terna lealdade.
Gosto de pensar que o Senhor nos tem feito e de dar-me a Ele
por esse motivo, porque enquanto a grandeza do que Ele nos tem feito chama-nos
a prestar-Lhe homenagem, até mesmo o lado ínfimo tem também seu direito. Nossas
capacidades são finitas, e às vezes nos preocupamos com esse fato,
desejando que pudéssemos fazer mais pelo nosso Senhor: entretanto não
precisamos temer quando lembramos que Ele nos tem feito, e portanto tem
determinado a medida de nossa capacidade.
Conseqüentemente, se formos pouco belos ou se tivermos
pequeno talento, não queixemo--nos, mas sirvamos Aquele que nos tem feito o que
somos. Se ficarmos maravilhados com uma verdade que não conseguimos entender,
se encontrarmos porções da Palavra de Deus que ficam além da nossa compreensão,
não queixemo-nos, mas lembremos que Deus poderia nos ter feito entender todas
as coisas se assim Ele quisesse, e Ele não tem feito isso, "foi ele, e não
nós, que nos fez". Quando outros nos disserem: "Olhem, sua religião
está fora de seu alcance, as verdades nas quais vocês acreditam estão além de
sua compreensão", responderemos, "Estamos satisfeitos de que seja
assim, pois foi Ele, e não nós, que nos fez". Se Ele nos tem feito mais
capazes do que outras pessoas, daremo-Lhe ainda mais honra; mas se formos vasos
de pequena capacidade não desejaremos ser mais que o nosso Criador quiser que
sejamos.
Não consigo
imaginar exigência reivindicação) mais elevada que esta para o nosso
serviço, que Deus nos tem criado, a não ser que a mesma verdade seja cantada a
um oitavo mais elevado. Homens comuns podem cantar: "Foi Ele, e não nós,
que nos fez"; até mesmo as criaturas irracionais podem concordar com essa
confissão. Entretanto, rentes, sua nota é mais alta, porque têm sido eitos duas
vezes, nascidos de novo, criados novamente em Cristo Jesus, e podem cantar de
maneira mais esplêndida: "Foi Ele, e não nós, que nos fez povo seu e
ovelhas do seu pasto".
A criação
tem as suas reivindicações, mas a eleição e a redenção elevam-se ainda mais alto; daqueles especialmente favorecidos
o Senhor deve receber louvor especial.
3. Seu
apascentamento de nós
Somos "povo seu e ovelhas do seu pasto". Deus não tem nos deixado e ido embora. Ele não tem nos deixado como a avestruz deixa seus ovos, para serem quebrados pelos pés dos que passam. Ele está cuidando de nós a toda hora; assim como um pastor cuida de seu rebanho. Sobre todos nós Ele exerce um cuidado contínuo, uma providência vigilante, e por isso deveríamos louvá-lO diariamente. Tem sido bem expresso que algumas pessoas têm a visão de Deus como Alguém que, tomando o universo como um relógio, deu-lhe corda, colocou-o debaixo do travesseiro e foi dormir; mas esse não é o caso. O dedo de Deus está sobre toda roda da maquinaria do mundo; o poder de Deus é aquilo que dá força a todas as leis do universo, seriam meras leis sem força se Ele não estivesse poderosamente ativo para todo o sempre. Deus nos dá dia após dia o nosso pão diário. Deus nos veste; Ele dá respiração aos nossos pulmões ofegantes, e sangue aos nossos corações que pulsam; Ele nos mantém vivos, e se Seu poder fosse retirado, cairíamos mortos imediatamente. Portanto, devido ser assim, somos obrigados a prestar serviço diariamente ao nosso grande Pastor.
Vocês
são as ovelhas de Sua mão; a vocês a provisão de hora em hora, a vocês a
proteção contínua, a vocês o governo sábio e judicioso, a vocês a liderança
real através do deserto até os pastos além do Jordão, a vocês o poder que faz
fugir o lobo, a vocês a habilidade para encontrar pastos no deserto, a vocês aqueles
sublimes confortos que vêm da presença do anjo remidor, e que fluem do próprio
fato de que Ele é seu. Portanto, prestem homenagem ao Senhor e louvem-nO.
Homens, visto que são homens, adorem ao Senhor que os mantém vivos; mas homens
santos, renovados e alimentados dos tesouros da graça divina, sirvam ao seu
Deus, rogo-lhes, de todo o coração, de toda a
alma e de todas as forças, pois vocês em particular são as ovelhas de Seu pasto
e o povo de Sua mão redentora.
4. O caráter divino
A razão para adorar e servir a Deus encontra-se no último versículo do nosso texto: "Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade estende-se de geração a geração". Aí estão três motivos principais para servirmos ao Senhor nosso Deus. O, que todos possam sentir o peso deles!
Primeiramente,
Ele é bom. Ora, se eu levantasse uma bandeira e dissesse: "Esse pendão representa
a causa de tudo o que é justo, correto, verdadeiro, gentil e
benevolente", esperaria que muitos jovens corações alistar--se-iam sob
ela, pois quando embusteiros de todas as nações têm falado de liberdade e
virtude, excelentes almas têm se encantado e se apressado à morte pela velha e
grande causa. Bem, Deus é justo,
correto, verdadeiro, gentil e benevolente; numa só palavra, Deus é amor, e portanto
quem não Lhe serviria? Quem recusaria ser o servo de infinita perfeição? Se Ele
não fosse meu Deus, mas sim o Deus de outro homem, acho que fugiria às
escondidas a Ele para
alistar-me sob a bandeira de um Deus tal como Ele. Cumprir as Suas leis deve sempre
ser a nossa obrigação, porque essas leis são a verdadeira essência do que é correto; nenhuma delas é arbitrária, todas são as exigências
de santidade imaculada e de justiça imutável. De fato, os decretos de Deus são
mais do que simplesmente
corretos; são bons no sentido de serem benéficos. Quando Deus diz: "Não faça
isto", é somente como uma mãe que proíbe seu filho de cortar os dedos num
instrumento afiado, ou de comer frutas venenosas. Quando Deus diz: "Faça
isto", é praticamente como uma instrução para sermos felizes, ou pelo
menos para fazermos aquilo que no devido tempo levará à felicidade. As leis do
Senhor nosso Deus são
corretas com relação a tudo, e por isso exijo de todos vocês a obediência de seu
coração a Deus.
Então
é acrescentada: "e eterna a sua misericórdia". Quem não serviria a Alguém cuja
misericórdia é eterna? Observem que Ele é sempre misericordioso. Nunca um
pecador poderia chegar a Ele e encontrá-Lo destituído de compaixão. O Senhor
nos é misericordioso e cheio de graça na nossa infância, semelhantemente Ele
nos é assim na meia idade, e quando ficamos velhos Ele ainda nos é
misericordioso. Não nos é possível esgotar a Sua paciência ou exaurir o Seu amor perdoador. Ele nos tem
dado um Salvador que vive para interceder pelos pecadores. Que bênção! Enquanto
pecarmos teremos um Advogado que pleiteia por nós! Ele tem estabelecido um propiciatório a nosso favor, para
sempre, e podemos ir aí tão freqüentemente quanto quisermos. Não é o caso que
Ele ergueu um propiciatório
na terra somente durante cem anos e então o retirou; ao
contrário, bendito seja o Seu nome, temos sempre direito de acesso, e ainda
temos um apelo a apresentar, pois o sangue de Jesus não tem perdido seu aroma.
Há também o Espírito de Deus sempre à disposição para ajudar-nos a orar, e
sempre que desejarmos nos aproximar do propiciatório Ele está pronto para ensinar-nos como e
para o que deveríamos orar, e até mesmo para emitir gemidos que nós mesmos não
seríamos capazes de fazer. O, quem não serviria a um Deus cuja misericórdia é
eterna? Quão cruel é o coração que infinita ternura não consegue persuadir!
Sendo que Deus é misericordioso, o homem não deveria mais ser rebelde.
O texto acrescenta ainda: "a sua verdade
estende-se de geração a geração", isto é, não encontrará
em Deus uma coisa hoje e outra amanhã. Aquilo que Ele promete Ele cumprirá.
Toda palavra dEle permanece firme para sempre, como Ele, imutável. Amigo, confie nEle hoje e você verá que
Ele não lhe falhará, nem amanhã, e em nenhum dos dias de sua vida. O Deus de
Abraão é o nosso Deus hoje, e não tem mudado com as mudanças dos anos. O
Salvador em quem confiamos na nossa infância é ainda o mesmo, ontem, hoje e
para todo o sempre. Bendito seja o Seu nome. Acho que era este atributo de Deus
que mais encantou meu jovem coração;
parecia-me tão agradável poder descansar a minha alma num Deus inalterável, tão
deleitável saber que se uma vez eu desfrutasse de Seu amor Ele nunca tiraria
isso de mim, que se uma vez Ele fosse reconciliado a mim através da morte de
Seu Filho, sempre eu seria filho Seu e seria amado por Ele. Isso trouxe alegria
ao meu coração e proclamo agora essa verdade como induzi-mento àquelas pessoas
que não têm confiado no Senhor para que façam isso, pois o Senhor é bom e Sua
misericórdia é eterna, e Sua verdade estende-se de geração à geração.
Assim,
tenho lhes mostrado as bases das reivindicações de Deus; porventura são
sólidas? Vocês concordam com elas? O, que a graça soberana constrinja cada um
de nós a viver somente para a glória de Deus! E Seu direito, mais do que justo.