6º. Se os pequeninos não conhecem o bem e o mal, como poderão ser regenerados?
Argumentam, porém, os tais opositores, indagando: Como é que os pequeninos podem ser regenerados, sendo que não conhecem o bem e o mal? A isso respondemos que, embora a obra de Deus seja misteriosa e incompreensível para nós, não é por isso que Ele vai deixar de realizá-la. Ora, que o Senhor regenera crianças, se as quer salvar, como é certo que salva algumas, é mais que evidente. Porque, como elas nascem herdando a corrupção, é necessário que sejam purificadas, antes de poderem entrar no reino celestial, no qual não entra nada que esteja contaminado (Apocalipse 21.27). Se nascem pecadoras, como Davi e Paulo testificam que nascem, necessitam receber a justificação para serem aceitas por Deus. E que mais queremos saber, se o próprio Senhor Jesus declara que é necessário que todos nós nasçamos de novo para que possamos entrar no reino de Deus? E para fechar a boca dos murmuradores, no que fez com João Batista o Senhor mostrou o que pode fazer com outras pessoas, quando o santificou desde o ventre de sua mãe (Lucas 1.15). E é inaceitável a desculpa sutil segundo a qual o fato de que se fez isso uma vez não significa que será sempre feito assim. Não é o que queremos dizer.
Só queremos demonstrar que os nossos opositores querem impiamente restringir o poder de Deus em favor das crianças, poder que Ele manifestou uma vez agindo em João Batista.
Mas eles insistem, vindo com outra evasiva, quando afirmam que a expressão “desde o ventre da mãe” é um modo de falar da Escritura que significa, “desde a juventude”. Que essa alegação não tem fundamente vê-se do fato de que, quando o anjo falou com Zacarias, afirmou que, ainda estando no ventre de sua mãe, o menino seria cheio do Espírito Santo. O certo é que O Senhor santifica a quem Ele deseja santificar, como fez com João, pois a Sua mão não está encolhida (Isaías 59.1).
Quanto ao segundo ponto, temos que Ele foi concebido pelo Espírito Santo, a fim de que a Sua natureza humana fosse plenamente santificada, para derramar sobre nós o fruto da Sua santificação. Ora, se Jesus é o modelo e o exemplo de todas as graças que o Senhor distribui a Seus filhos, nesta parte Ele também pode ser modelo e exemplo, no sentido de que a mão de Deus não está encolhida para com os pequeninos – não mais encolhida que para com os demais. Sendo, pois, assim, é necessário concluir que o Senhor não tira do mundo nenhum dos Seus escolhidos sem antes santificá-lo e regenerá-lo por Seu Espírito.
E a alegação de que a verdade revelada não reconhece outra regeneração senão a que é realizada pela semente incorruptível, que é a Palavra de Deus,respondemos que os que fazem tal objeção entendem mal as palavras do apóstolo Pedro (1 Pedro 1.23). Ao dizer isso, ele dirige suas palavras unicamente aos que já tinham sido instruídos no Evangelho, para os quais certamente a Palavra de Deus sempre é semente de regeneração espiritual. Não se pode inferir daí, porém, que as crianças pequenas não possam ser regeneradas pelo poder do Senhor, oculto e misterioso para nós, mas para Ele, claro e fácil. Acresce que não é certo nem seguro afirmar que o Senhor não pode manifestar-se de algum modo às criancinhas.
Se recorrerem aos seus costumeiros subterfúgios e afirmarem que as crianças na idade representam as que são espiritualmente crianças, graças à regeneração, esse recurso já foi eliminado.
Dessa maneira podem ser explicadas todas as passagens referentes ao significado do Batismo e que os nossos opositores citam. Um exemplo é a passagem na qual o apóstolo Paulo descreve o Batismo como “o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5). Com essa passagem eles pretendem que só devem ser batizados os que estão em condições de ser regenerados e renovados. Mas sempre teremos o que responder. No presente caso, lembramos que a Circuncisão é sinal de regeneração e renovação, e só deveria ser aplicada aos que já dessem mostras de que foram regenerados e renovados. E, se fosse como querem os que fazem tal objeção, a ordenança estabelecida por Deus que mandava circuncidar os pequeninos seria tola e irracional. Portanto, todos os argumentos utilizados para combater o Circuncisão de nada valem contra o Batismo.
E eles não nos podem caluniar, ou seja, insinuar que agimos com má intenção, quando afirmam que se deve tomar como liquido e certo o que o Senhor instituiu, aceitando-o como algo bom e santo, sem se fazer investigação a respeito, reverência que não merecem as coisas não expressamente ordenadas por Ele.
Acusação que, desde logo, não pede outra resposta senão esta: Ou Deus instituiu por bom motivo a Circuncisão ou não. Se foi instituída com bom fundamento, de modo que não se possa alegar nenhum absurdo contra ela, a mesma coisa se pode dizer do Batismo.
Portanto, quem quiser concluir que tudo o que é representado pelo Batismo deve preceder ao mesmo, erra grosseiramente. Basta reparar que essas coisas foram escritas a pessoas que já tinham sido batizadas. Ensina a mesma coisa o apóstolo Paulo quando diz aos gálatas: “Todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes” (Gálatas 3.27). Essa é uma verdade apostólica. Mas com que finalidade o apóstolo diz isso? Para que daí em diante vivessem em Cristo. Não porque tivessem vivido antes nele. Tenha-se em conta igualmente que, embora os adultos não devam receber o sinal sem antes terem entendido o seu sentido, diferente deve ser o raciocínio com relação aos pequeninos, como explicaremos noutro lugar. Portanto, todas as razões alegadas por nossos opositores não passam de perversões da Escritura, como qualquer pessoa pode ver.
O Batismo é um testemunho da remissão dos nossos pecados, dizem eles. Nisso concordamos. E por essa razão dizemos que é próprio aplicá-lo aos pequeninos. Porque, sendo pecadores como são, precisam do perdão e da remissão das máculas do pecado. Pois bem, se o Senhor declara que quer usar de misericórdia para com os que pertencem a essa tenra idade, por que haveríamos de negar-lhes o sinal, que é muito menos importante que a sua realidade espiritual? Por isso voltamos o argumento dos nossos opositores contra eles. O Batismo é sinal da remissão dos pecados. Os pequeninos têm a remissão dos seus pecados. Logo, o sinal, que deve ser subseqüente à realidade significada, por direito lhes deve ser comunicado.
Eles apresentam, como outro argumento, o que está escrito no capítulo cinco de Efésios, versículo 26, onde lemos que Cristo se entregou à igreja, “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”. Mas isso também vai contra eles, porque dessa declaração deduzimos este argumento: Se o Senhor deseja que a purificação que Ele faz da Sua igreja seja testificada e confirmada pelo sinal do Batismo, e os pequeninos são da igreja, visto que são contados como pertencentes ao povo de Deus, e que pertencem ao reino dos céus, segue-se que eles devem receber o atestado da sua purificação, como o restante da igreja. Porque em sua declaração o apóstolo inclui, sem nenhuma exceção, toda a igreja em geral, quando afirma que o Senhor a purificou pelo Batismo.
Do que eles alegam, citando o capítulo doze da Primeira Epístola aos Coríntios – que, “pelo batismo somos incorporados em Cristo” (Romanos 12.13), pode-se fazer a mesma dedução. Porque, se os pequeninos pertencem ao corpo de Cristo (como transparece do que foi dito), é próprio e pertinente que eles sejam batizados, para que se unam aos membros do corpo de Cristo. Veja só o leitor como esses opositores lutam fortemente contra nós, citando passagens e mais passagens que eles acumulam, mas de uma forma em que não se vê nem sentido, nem razão de ser, nem inteligência.
Só queremos demonstrar que os nossos opositores querem impiamente restringir o poder de Deus em favor das crianças, poder que Ele manifestou uma vez agindo em João Batista.
Mas eles insistem, vindo com outra evasiva, quando afirmam que a expressão “desde o ventre da mãe” é um modo de falar da Escritura que significa, “desde a juventude”. Que essa alegação não tem fundamente vê-se do fato de que, quando o anjo falou com Zacarias, afirmou que, ainda estando no ventre de sua mãe, o menino seria cheio do Espírito Santo. O certo é que O Senhor santifica a quem Ele deseja santificar, como fez com João, pois a Sua mão não está encolhida (Isaías 59.1).
As crianças compartem a santificação de Cristo, nele operada em Sua infância
Para que terá sido Jesus Cristo santificado em Sua infância? Para que pessoas de todas as idades fossem santificadas nele, segundo o Seu santo querer. Porque, assim como Ele se revestiu da nossa carne e assumiu um corpo em tudo semelhante ao nosso, menos no pecado, para dar satisfação pela ofensa cometida em nossa carne e para cumprir toda a justiça com obediência perfeita, assumindo a nossa natureza, que Ele quis salvar, e também para nos fortalecer com ternura e compaixão, assim também, desde a Sua concepção Ele foi plenamente santificado em Sua natureza humana para santificar os Seus, as crianças inclusive. Ambos os fatos acima descritos são fartamente testificados na Escritura. Quanto ao primeiro, Ele é declarado descendente de Abraão e de Davi. Mais que isso, é chamado Filho de ambos, porque descende da linhagem e da posteridade deles, como diz o apóstolo Paulo quando declara que Ele veio dos judeus segundo a carne. Em confirmação disso, noutro lugar lemos que “Ele não se revestiu da natureza dos anjos, mas da semente do homem”, e logo após nos é dada a razão disso – “para que em tudo fosse semelhante a nós, exceto no pecado” (Hebreus 2.16; 4.15) O que acentua o fato de que em nossa própria carne e em nossa real e verdadeira humanidade Ele cumpriu tudo o que diz respeito à nossa redenção.Quanto ao segundo ponto, temos que Ele foi concebido pelo Espírito Santo, a fim de que a Sua natureza humana fosse plenamente santificada, para derramar sobre nós o fruto da Sua santificação. Ora, se Jesus é o modelo e o exemplo de todas as graças que o Senhor distribui a Seus filhos, nesta parte Ele também pode ser modelo e exemplo, no sentido de que a mão de Deus não está encolhida para com os pequeninos – não mais encolhida que para com os demais. Sendo, pois, assim, é necessário concluir que o Senhor não tira do mundo nenhum dos Seus escolhidos sem antes santificá-lo e regenerá-lo por Seu Espírito.
E a alegação de que a verdade revelada não reconhece outra regeneração senão a que é realizada pela semente incorruptível, que é a Palavra de Deus,respondemos que os que fazem tal objeção entendem mal as palavras do apóstolo Pedro (1 Pedro 1.23). Ao dizer isso, ele dirige suas palavras unicamente aos que já tinham sido instruídos no Evangelho, para os quais certamente a Palavra de Deus sempre é semente de regeneração espiritual. Não se pode inferir daí, porém, que as crianças pequenas não possam ser regeneradas pelo poder do Senhor, oculto e misterioso para nós, mas para Ele, claro e fácil. Acresce que não é certo nem seguro afirmar que o Senhor não pode manifestar-se de algum modo às criancinhas.
7°. As crianças não podem exercer fé
Mas os nossos opositores insistem, e perguntam: “Como as crianças podem ser objeto do Batismo, uma vez que o apóstolo Paulo afirma que a fé é pelo ouvir (Romanos 10.17), e as crianças pequenas não discriminam nem o bem nem o mal?" Mas eles não consideram que Paulo aqui fala somente da maneira comum pela qual o Senhor age para fazer aos Seus a dádiva da fé. Não significa que Ele não possa usar outros meios, como de fato os tem usado muitas vezes com muitos, tocando o seu íntimo para trazê-los ao conhecimento do Seu nome, sem jamais fazê-los ouvir a Sua Palavra. E, visto que lhes parece que isso contraria a natureza das crianças, as quais, segundo Moisés (Deuteronômio 1.39), não sabem distinguir entre o bem e o mal, eu lhes pergunto por que querem restringir o poder de Deus, como se Ele não soubesse fazer em parte às crianças o que Ele realmente lhes faz perfeitamente? Porque, se a plenitude da vida consiste em conhecer perfeitamente a Deus, considerando que o Senhor reserva para a salvação alguns que morrem na infância, sem dúvida eles recebem plena manifestação de Deus. E então, se eles recebem esse conhecimento perfeitamente na vida futura, por que não podem sentir aqui um pouco do seu gosto? Não é que pretendamos afirmar que as criancinhas têm fé (pois não sabemos como Deus trabalha nelas). Mas a nossa intenção é mostrar a temeridade e a presunção daqueles que, seguindo a sua estulta fantasia, afirmam e negam o que lhes dá na telha, sem dar a mínima atenção a toda a argumentação que se poderia apresentar.8º. As criancinhas não podem arrepender-se
Mas os tais nos pressionam ainda mais, dizendo que o Batismo é o sacramento do arrependimento e da fé, como nos ensina a Escritura. E como as crianças pequenas não podem exercer o arrependimento e a fé, não há propósito em aplicar a elas o sacramento, porque fazê-lo é tornar nula a sua significação. Só que esse argumento vai mais contra Deus do que contra nós, porque a Circuncisão era símbolo de arrependimento, como o demonstram muitos testemunhos da Escritura, principalmente o que vemos no capítulo quatro de Jeremias. E o próprio apóstolo Paulo chama o sacramento da Circuncisão de “selo da justiça da fé” (Romanos 4.11). Que se questione a Deus, então, pedindo-lhe a razão pela qual Ele ordenou que fosse aplicada aos pequeninos. Porque a razão é a mesma: se foi razoável aplicar a Circuncisão às crianças, não é menos razoável aplicar-lhes o Batismo.Se recorrerem aos seus costumeiros subterfúgios e afirmarem que as crianças na idade representam as que são espiritualmente crianças, graças à regeneração, esse recurso já foi eliminado.
Uma firme declaração a respeito
Eis, pois, o que dizemos: Uma vez que o Senhor quis que a Circuncisão, mesmo sendo sacramento do arrependimento e da fé, fosse comunicada aos pequeninos, não há nenhum inconveniente em que o Batismo lhes seja comunicado. Se não é que esses caluniadores prefiram acusar Deus por ter ordenado essa prática. Mas a verdade, a sabedoria e a justiça de Deus refulgem com claríssimo brilho para confundir a loucura, a mentira e a iniquidade desses tais. Porque, embora os pequeninos ainda não entendam o significado da Circuncisão, eram circuncidados na carne para a mortificação interior da sua natureza corrompida, para que, na idade própria, a estudassem e meditassem nela, recebendo assim adequada instrução desde a infância.Dessa maneira podem ser explicadas todas as passagens referentes ao significado do Batismo e que os nossos opositores citam. Um exemplo é a passagem na qual o apóstolo Paulo descreve o Batismo como “o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5). Com essa passagem eles pretendem que só devem ser batizados os que estão em condições de ser regenerados e renovados. Mas sempre teremos o que responder. No presente caso, lembramos que a Circuncisão é sinal de regeneração e renovação, e só deveria ser aplicada aos que já dessem mostras de que foram regenerados e renovados. E, se fosse como querem os que fazem tal objeção, a ordenança estabelecida por Deus que mandava circuncidar os pequeninos seria tola e irracional. Portanto, todos os argumentos utilizados para combater o Circuncisão de nada valem contra o Batismo.
E eles não nos podem caluniar, ou seja, insinuar que agimos com má intenção, quando afirmam que se deve tomar como liquido e certo o que o Senhor instituiu, aceitando-o como algo bom e santo, sem se fazer investigação a respeito, reverência que não merecem as coisas não expressamente ordenadas por Ele.
Acusação que, desde logo, não pede outra resposta senão esta: Ou Deus instituiu por bom motivo a Circuncisão ou não. Se foi instituída com bom fundamento, de modo que não se possa alegar nenhum absurdo contra ela, a mesma coisa se pode dizer do Batismo.
Ampliando a resposta
Ao argumento acima exposto contra o Batismo infantil respondemos da seguinte maneira: Os pequeninos que recebem o sinal da regeneração e da renovação, se passam deste mundo antes de chegarem à idade da razão, caso tenham sido escolhidos pelo Senhor, são regenerados e renovados pelo Seu Espírito, como Lhe apraz, segundo o Seu poder, para nós oculto e incompreensível. Se chegarem à idade em que possam ser instruídos na doutrina do Batismo, saberão que em toda a sua vida não deverão fazer outra coisa senão meditar nesta regeneração, cujo sinal trazem em si desde a sua infância. Assim também se deve entender o que o apóstolo diz no capítulo seis de Romanos e no capítulo dois de Colossenses, a saber: “Fomos, pois, sepultados com ele [Cristo] na morte pelo batismo”. Paulo não quer dizer com isso que o sepultamento deve preceder ao Batismo, mas apenas ensina a doutrina do Batismo e deixa claro que essa doutrina tanto se pode mostrar e aprender depois de ser recebido o referido sacramento como antes. Por isso mesmo, Moisés e os Profetas (Deuteronômio 10.16; Jeremias 4.4) igualmente demonstravam uma e outra vez ao povo de Israel o significado da Circuncisão, sendo que os israelitas tinham sido circuncidados na infância.Portanto, quem quiser concluir que tudo o que é representado pelo Batismo deve preceder ao mesmo, erra grosseiramente. Basta reparar que essas coisas foram escritas a pessoas que já tinham sido batizadas. Ensina a mesma coisa o apóstolo Paulo quando diz aos gálatas: “Todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes” (Gálatas 3.27). Essa é uma verdade apostólica. Mas com que finalidade o apóstolo diz isso? Para que daí em diante vivessem em Cristo. Não porque tivessem vivido antes nele. Tenha-se em conta igualmente que, embora os adultos não devam receber o sinal sem antes terem entendido o seu sentido, diferente deve ser o raciocínio com relação aos pequeninos, como explicaremos noutro lugar. Portanto, todas as razões alegadas por nossos opositores não passam de perversões da Escritura, como qualquer pessoa pode ver.
9º. Respostas a argumentos sobre o Batismo visto em relação à purificação do pecado
Tratemos resumidamente de alguns outros argumentos que podem ser deslindados com facilidade. Os nossos oponentes alegam que o Batismo é a remissão dos nossos pecados. Nisso cometem grande erro. Por que ignorar o sangue de Jesus Cristo, sendo que unicamente nele temos purificação total e completa? Mas, desculpando sua falta, a qual é comum entre eles, para dar mais realce ao seu argumento vamos formulá-lo baseando-nos na Escritura.O Batismo é um testemunho da remissão dos nossos pecados, dizem eles. Nisso concordamos. E por essa razão dizemos que é próprio aplicá-lo aos pequeninos. Porque, sendo pecadores como são, precisam do perdão e da remissão das máculas do pecado. Pois bem, se o Senhor declara que quer usar de misericórdia para com os que pertencem a essa tenra idade, por que haveríamos de negar-lhes o sinal, que é muito menos importante que a sua realidade espiritual? Por isso voltamos o argumento dos nossos opositores contra eles. O Batismo é sinal da remissão dos pecados. Os pequeninos têm a remissão dos seus pecados. Logo, o sinal, que deve ser subseqüente à realidade significada, por direito lhes deve ser comunicado.
Eles apresentam, como outro argumento, o que está escrito no capítulo cinco de Efésios, versículo 26, onde lemos que Cristo se entregou à igreja, “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”. Mas isso também vai contra eles, porque dessa declaração deduzimos este argumento: Se o Senhor deseja que a purificação que Ele faz da Sua igreja seja testificada e confirmada pelo sinal do Batismo, e os pequeninos são da igreja, visto que são contados como pertencentes ao povo de Deus, e que pertencem ao reino dos céus, segue-se que eles devem receber o atestado da sua purificação, como o restante da igreja. Porque em sua declaração o apóstolo inclui, sem nenhuma exceção, toda a igreja em geral, quando afirma que o Senhor a purificou pelo Batismo.
Do que eles alegam, citando o capítulo doze da Primeira Epístola aos Coríntios – que, “pelo batismo somos incorporados em Cristo” (Romanos 12.13), pode-se fazer a mesma dedução. Porque, se os pequeninos pertencem ao corpo de Cristo (como transparece do que foi dito), é próprio e pertinente que eles sejam batizados, para que se unam aos membros do corpo de Cristo. Veja só o leitor como esses opositores lutam fortemente contra nós, citando passagens e mais passagens que eles acumulam, mas de uma forma em que não se vê nem sentido, nem razão de ser, nem inteligência.